domingo, 30 de novembro de 2014

Moradores de SP e MG têm novas regras para uso da água

"Moradores de SP e MG têm novas regras para uso da água"
Agência Brasil

Os moradores de Minas Gerais e de São Paulo, abastecidos pelas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, terão de seguir novas regras que envolvem a suspensão nas retiradas de água em períodos de escassez. As restrições vão atingir as atividades na indústria, no campo, no caso das irrigações, além do consumo em moradias e estabelecimentos comerciais.

As novas regras definidas pela Agência Nacional de Águas (ANA), pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (Daee) e pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) serão apresentadas hoje (18) aos usuários paulistas em encontro, no Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Amanhã (19), às 10h, na Avenida Barão de Itapura, no bairro de Botafogo, em Extrema, os usuários mineiros conhecerão as normas. 

Interpol lança lista com procurados por crimes ambientais

Interpol lança lista com procurados por crimes ambientais

Redação - Veja.com - 11/2014
Divulgação

Interpol (polícia internacional) divulgou nesta segunda-feira a primeira lista de sua história de fugitivos acusados de cometer crimes ambientais. O objetivo das autoridades é obter informações que possam levar ao paradeiro dos nove foragidos mais procurados pela Justiça internacional. Segundo Stefano Carvelli, chefe da unidade de investigação da Interpol, os crimes cometidos pelos suspeitos são apenas a ponta de um esquema que mobiliza entre 70 a 213 bilhões de dólares anuais.

Um relatório publicado pela Interpol no início deste ano apontou que muitos dos crimes ambientais possuem ligações com organizações terroristas, como o grupo somali Al Shabab. A agência salienta que os fugitivos são perigosos e não devem ser interpelados pessoalmente.

A lista de foragidos da Interpol é um dos frutos de uma investigação sobre 139 suspeitos procurados em 36 países. A Operação Infra-Terra, esforço de 23 investigadores, elevou o perfil da unidade de crimes ambientais da agência e poderá fornecer pistas sobre outras atividades ilícitas de jurisdição internacional, já que as rotas usadas para crimes ambientais, como o tráfico de marfim, também costumar servir para outros delitos, como o tráfico internacional de armas. Futuramente, a Interpol pretende criar subdivisões geográficas para monitorar com maior precisão os crimes contra a natureza.

Entre os criminosos procurados pela Interpol está o holandês Nicolaas Antonius Cornelis Maria Duindam, procurado pela Justiça brasileira por tráfico de espécies nativas do país. Também há crimes relacionados a pesca e desmatamento ilegal e tráfico de marfim.

Confira os nove acusados de cometer crimes ambientais mais procurados pela Interpol:
ADRIANO GIACOBONE
Procurado pela Justiça italiana, Adriano Giacobone já recebeu sentenças de prisão por descarregar resíduos tóxicos de forma ilegal e contaminar lençóis freáticos, na década de 1980. Ele também recebeu uma condenação por acumularlixo em lugares inapropriados, em 1991. Além disso, pesam contra o italiano acusações de sequestro, posse de arma, recebimento de bens roubados, agressão, roubo, violência contra policiais, entre outros crimes fiscais.



AHMED KAMRAN
Natural do Paquistão, Ahmed Kamran organizou uma operação criminosa inspirada no conto bíblico da Arca de Noé. O contrabandista supervisionou o embarque de mais de 100 animais selvagens, incluindo girafas e impalas, em um avião militar que partiu do Aeroporto Internacional de Kilimanjaro, na Tanzânia, e desembarcou no Catar, em 2010.





ARIEL BUSTAMANTE SANCHEZ
O mexicano era capitão de uma embarcação e responsável por organizar atividades de pesca ilegal nas águas de um parque nacional da Costa Rica, em 2008. Ele ordenou a pesca de atum em águas protegidas na Área de Conservação da Ilha de Coco Marine. As autoridades suspeitam que ele possa estar escondido no México, Colômbia ou Panamá.





BEN SIMASIKU
Ben Simasiku é natural de Zâmbia e está sendo procurado por tráfico de marfim. Ele já chegou a ser preso junto de outros três suspeitos ao ser flagrado com dezessete presas de elefante. O caso foi movido pelas autoridades de Botswana e um alerta foi emitido para o Congo, Namíbia, África do Sul, Zâmbia e Zimbábue.





BHEKUMUSA MAWILLIS SHIBA
As autoridades não têm certeza quanto à nacionalidade do criminoso, mas emitiram uma ordem de busca internacional por seu envolvimento na caça ilegal de rinocerontes em reservas ambientais da Suazilândia. Shiba teria matado os animais e arrancado seus chifres para vendê-los no mercado negro. Ele também atende pelo nome de Mawillies Bhekimusa e provavelmente anda armado.




FEISAL MOHAMED ALI
O criminoso nascido no Quênia foi flagrado em posse de 314 peças de marfim que pesavam mais de duas toneladas. Ele é apontado como o chefe de um grupo especializado em traficar marfim. Ali costuma viajar para a Tanzânia e atende pelos nomes de Feisal, Omar e Shahbal.






NICOLAAS ANTONIUS CORNELIS MARIA DUINDAM
O holandês Duindam é procurado pela Justiça brasileira por ser membro de uma organização criminosa que trafica espécies nativas do país. A Interpol acredita que ele costuma viajar para seu país natal com frequência.








SERGEY DARMINOV
O criminoso, que possui cidadanias russa e alemã, chefia um grupo criminoso chamado BPP, responsável pela pesca ilegal de caranguejos entre 2006 e 2007. Acredita-se que sua organização tenha lucrado mais de 450 milhões de dólares. Pesam contra Darminov as acusações de formação de quadrilha e violação dos mares e das leis econômicas da Rússia.




SUDIMAN SUNOTO
Natural da Indonésia, Sudiman Sunoto é proprietário de madeireiras que recebiam toras de forma ilegal. Em novembro de 2006, o Departamento de Investigação Criminal do país descobriu 2.647 toras suspeitas nas empresas de Sunoto. Ele não apresentou nenhuma documentação que comprovasse a legalidade daquela atividade e está foragido desde então.

sábado, 29 de novembro de 2014

Parques devem ser um direito da população

‘Parques devem ser um direito da população’, diz ativista libanesa


Fundadora do Beirut Green Project, grupo que faz intervenções em áreas verdes do Líbano, participa nesta quarta-feira do ArqFuturo.
Por Roberta Pennafort
Em 4 de junho de 2011, um pequeno grupo de moradores de Beirute levou placas de grama a uma praça árida e cinzenta e fez um alegre piquenique para protestar contra a falta de áreas verdes na cidade. Conhecida como “a Paris do Oriente Médio”, a capital do Líbano, que passara por longa guerra civil (de 1975 a 1990) e bombardeios israelenses nos anos 2000, via florescer apenas prédios. Frustrados, os cidadãos gritaram por menos cimento e mais parques.
Nascia o Beirut Green Project (BGP). A ativista libanesa Dima Boulad, de 28 anos, que fundou o BGP, é uma das convidadas do Arq.Futuro, que será realizado nesta terça e quarta-feira, dias 18 e 19, no Rio. O seminário de arquitetura e urbanismo escolheu para a terceira edição o tema “Parques do Brasil”. A pauta é norteada por questões como a gestão dos parques, conservação e manutenção, e os papéis dos governos, da iniciativa privada e da sociedade civil. 
“No Brasil, ainda estamos um passo atrás nessas discussões. Os governos não têm dinheiro para a manutenção dos parques, que são fundamentais para a qualidade de vida da população. Como está hoje, ninguém fica feliz”, diz Tomás Alvim, um dos fundadores do Arq.Futuro, advogando pela gestão privada.
Por e-mail, Dima Boulad, que participará de uma mesa nesta quarta, deu entrevista ao Estado, defendendo o envolvimento da população, que, acredita ela, precisa primeiramente conhecer seus parques, para então lutar por eles: “Pequenas mudanças resultam em grandes mudanças com o passar do tempo”. Leia a seguir os principais trechos:
Como vocês transformaram a frustração popular em ação em Beirute?
Nossa iniciativa surgiu da frustração de viver em uma cidade onde os espaços verdes não são considerados um direito, mas um privilégio secundário. Nós decidimos fazer uma intervenção em um espaço público de forma irônica e expressar isso para quem quisesse ouvir. 
Qual foi a reação popular? Logo tiveram adesões?
Depois que vimos a reação positiva das pessoas, percebemos que tínhamos uma voz, que aquele era um assunto que preocupa muita gente. Nosso grupo estava criado: um coletivo que tem como objetivo despertar a consciência sobre a importância de se ter áreas verdes urbanas, reabilitando os velhos jardins e criando novos.
Como agem?
Somos voluntários, tudo depende do esforço de cada um. Contamos com patrocínios de amigos, que ajudam. Recentemente, uma empresa de design colaborou com a criação de um mapa interativo que indica todas as áreas verdes da cidade, o Beirut Green Guide. No momento, o foco é informar a população da necessidade de cuidar dos parques. Acreditamos que o primeiro resultado positivo é fazer com que todos entendam que, juntos, podemos mudar as coisas.
Como superar a cultura de que o espaço público tende a ser deteriorado?
Mudar isso é tarefa muito difícil. O problema começa da seguinte forma: não conhecemos nossos parques ainda. Desenvolvemos o guia como uma ferramenta online. Damos informações sobre cada um, com fotos e dicas. É um bom ponto de partida. Por sua vez, a prefeitura criou o programa “Beirute é incrível”, de recuperação de parques antigos e criação de novos. Estão lidando com um de cada vez. Alguns estão em condições ruins e precisam de intervenções.
Qual é o segredo do sucesso do BGP?
Acho que a paixão pelas áreas verdes e a noção de que é nosso direito tê-las são o motor. Mudanças vêm das parcerias de todas as partes. Nossas discussões, abertas a outras ONGs e à prefeitura, garantem que a gente foque no que é o melhor para Beirute.
Você acredita que o projeto possa ser replicado em cidades como as brasileiras?
Com o crescimento desordenado e a violência, nossas favelas são exemplos de territórios em que faltam áreas de lazer para a população. Acho que em outras cidades o mesmo sistema possa ser aplicado. Arrecadações coletivas podem ajudar. 
Entrevista originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo

Rio, SP e MG concordam com transposição do Rio Paraíba

Rio, SP e MG concordam com transposição do Rio Paraíba

quinta-feira, 27 de novembro de 2014   –   Foto: Filipe Lemos/Campos 24 Horas
Rio Paraíba seca 2
Os governadores do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, de São Paulo, Geraldo Alckmin, e de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho (interino), chegaram nesta quinta-feira a um acordo para realizar a transposição do rio Paraíba do Sul. O objetivo é solucionar os problemas de abastecimento de água na Região Sudeste. As licitações para as obras podem começar a qualquer momento. O consenso foi firmado em uma reunião convocada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que atuou como mediador.
Os governadores se comprometeram a respeitar, nas obras, estudos de impacto ambiental e também a realizar ações de compensação ao meio ambiente, como a recuperação de matas ciliares. Os governadores também concordaram que qualquer obra só poderá ser realizada com a anuência dos três estados.
Também estavam presentes o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Todos se comprometeram a entregar a Fux no dia 28 de fevereiro um documento com os termos do acordo. Quando isso acontecer, todas as ações judiciais que tratam do tema serão extintas. Ao fim do encontro, todos comemoraram a solução encontrada.
— Os estados manifestaram desejo mútuo de se auxiliarem em relação ao problema hídrico da Região Sudeste. Uma solução jurídica jamais chegaria à solução que conseguimos hoje— afirmou Fux.
A discussão chegou ao tribunal por meio de uma ação em que a Procuradoria Geral da República pede que os três estados sejam proibidos de realização de obras de captação de águas do Rio Paraíba do Sul para abastecer o sistema Cantareira. Segundo o Ministério Público, não foram feitos estudos de impacto ambiental para garantir que a transposição não compromete o meio ambiente.
A reunião foi convocada por Fux no último dia 3, por despacho. No texto, o ministro recomendou que todos avaliem “os limites e as possibilidades de se obter uma transação capaz de ser homologada judicialmente”. Ele também pediu que os convocados criem, no dia da audiência, um grupo de trabalho com representantes técnicos e políticos de cada um dos órgãos, “a fim de que possam conjuntamente, em fiel observância a um modelo de federalismo de cooperação, buscar soluções técnicas e ambientais para erradicar a falta de água no Sudeste”.
Na decisão, Fux lembra que os três estados “estão passando por uma severa dificuldade no fornecimento regular do serviço público de água, em virtude do reduzido volume pluviométrico em grande parte de seus territórios”. O ministro afirmou que o assunto demanda o diálogo entre os estados para se chegar a uma solução.
“A melhor solução técnica para a regularização do fornecimento de água na região Sudeste pode exsurgir de um processo de mediação conduzido nesta Suprema Corte. Através da mediação, as autoridades de cúpula dos réus poderão, em conjunto com o Ministério Público Federal, evitar um desnecessário conflito, que apenas originaria um profundo desperdício de energia, focar na resolução técnica da dificuldade a ser enfrentada”, escreveu Fux.
O ministro negou a liminar pedida pelo Ministério Público para que os três estados fossem impedidos de fazer a transposição. Segundo Fux, não há dados suficientes para se concluir pelo benefício ou não da obra. Ele também ponderou que não há prova de que o governo de São Paulo estaria em vias de realizar a captação das águas – portanto, não faria sentido conceder liminar impedindo a obra.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

NOVO COMANDANTE DA POLÍCIA MILITAR AMBIENTAL REFORÇA PARCERIA COM SECRETARIA DE ESTADO DO AMBIENTE PARA COMBATER CRIMES CONTRA A NATUREZA

 25/11/2014 - 


O Comando de Polícia Ambiental (CPAM) se reuniu nesta terça (25/11/2015) com representantes da Secretaria de Estado do Ambiente, da Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais (Cicca) e do Instituto Estadual do Ambiente (INEA). Durante o encontro, o novo comandante da CPAM, coronel André Vidal, reforçou a parceria com a SEA e anunciou que as ações serão focadas na prevenção de crimes ambientais.

“Antes a CPAM estava voltada para a repressão dos crimes ambientais. Agora a atenção estará na prevenção principalmente no que diz respeito às áreas de conservação”, ressaltou o comandante.

O coronel André Vidal informou que a reunião contribuiu para avaliar a situação atual, já que ouviu todos os representantes das Unidades de Polícia Ambiental, e buscar, de acordo com a necessidade, maior efetivo, maior integração com os órgãos ambientais e aquisição de novos equipamentos, entre outros pontos.

O coordenador da Cicca, coronel José Maurício Padrone, afirmou que a integração dos órgãos vai facilitar as ações preventivas. “Não importa prender o criminoso somente após a árvore caída. É preciso evitar que se derrube uma árvore e para isso a prevenção é o melhor remédio”, ressaltou Padrone.

Para o diretor de Biodiversidade em Áreas Protegidas do INEA, Guido Gelli, é fundamental essa parceria e o efetivo de policiamento nas Unidades de Polícia Ambiental, junto às unidades de conservação, tendo em vista que na maioria dos crimes ambientais há situação de periculosidade.

As Unidades de Polícia Ambiental atuam na fiscalização, combate aos crimes contra a natura, na preservação da flora, proteção da fauna, prevenção à poluição e na repressão à pesca ilegal, entre outras ações.
 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Refúgio sob as águas

Refúgio sob as águas

Biólogos e ambientalistas defendem a transformação do Arquipélago de Alcatrazes, no Litoral Norte de São Paulo, em um parque nacional marinho

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Luciano Candisani

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O Arquipélago de Alcatrazes, no Litoral Norte de São Paulo, tem uma história de infortúnios ambientais. As ilhas já foram usadas para extração de guano - fezes de aves ricas em fosfato - e para exercícios da Marinha. Milhares de aves ali residentes, especialmente as fragatas, sofreram baixas com bombas disparadas de navios para alvos pintados nas rochas. Há dez anos, um incêndio provocado por projéteis destruiu boa parte da vegetação. As intervenções militares minguaram com a pressão dos ecologistas e hoje estão restritas à pequena Ilha da Sapata. A proibição à visitação imposta pela Marinha, porém, permanece, espantando o turismo e os barcos depesca predatória cuja ação dizimou estoques de peixes em águas vizinhas.

Agora, um estudo da Rede Nacional de Biodiversidade Marinha (Sisbiota-Mar) aponta Alcatrazes como um dos mais importantes refúgios de peixes do país. O estudo reafirma a importância ecológica do arquipélago e fortalece a proposta de criação de um parque nacional marinho na área, uma reivindicação antiga de ambientalistas e pesquisadores. "Essas ilhas nos oferecem um vislumbre do que os costões rochosos do Sudeste e do Sul do Brasil um dia foram.

Quase tudo lá, em relação aos peixes, é maior do que a média", destaca o biólogo Renato Morais, da Universidade Federal de Santa Catarina, ao analisar dados coletados ao longo da costa e em ilhas oceânicas como Fernando de Noronha e Trindade.

O drama da extinção

O drama da extinção

A morte de um dos dois rinocerontes-brancos machos remanescentes é prova de quão destrutivo pode ser o homem em sua relação com a natureza

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Jennifer Ann Thomas
Veja - 11/2014
Jesse The Traveler/Creative Commons


Em outubro ocorreu uma morte chocante: a de Suni, aos 34 anos, um rinoceronte-branco-do-norte, macho, um dos quatro da espécie vivendo na reserva Ol Pejeta, no Quênia. Até recentemente, ainda não se sabia se ele tinha sido morto por caçadores, se perdera a vida em um acidente ou se morrera de causas naturais.

Por que a importância? Suni era um dos dois últimos exemplares machos no mundo. Sobrou apenas Sudan, que mora no mesmo local, mas tem 40 anos (idoso para um rinoceronte) e é tido como incapaz de reproduzir-se. A esperança de ver o nascimento de filhotes está guardada em outro lugar, no Instituto Leibniz para Pesquisa em Zoologia e Vida Selvagem, em Berlim. Lá permanecem congelados potes com esperma colhido de machos. Com esse material, cientistas esperam engravidar as últimas cinco fêmeas que restam, ou criar clones.

espécie teve sua população reduzida pela caça. É mais uma vítima da estupidez humana: eles são mortos por causa de seus chifres, que valem 57 mil dólares no mercado negro. Quem os compra? Representantes da pseudomedicina chinesa, que lhes atribui propriedades mágicas. O rinoceronte-branco-do-norte é o exemplo máximo de como é preciso combater os abusos na delicada relação entre o homem e a natureza.

Conservacionistas consideram quase impossível recuperar a população de rinocerontes-brancos. Em 1960 havia 2 mil. A caça, já ilegal na época, fez a população cair para quinze em 1984. Desde então, a espécie é conservada em cativeiro. Diz a bióloga Jana Mysliveckova, porta-voz do zoológico Dvur Králové, na República Checa, onde nasceu Suni, e que abriga um outro exemplar: "Tudo leva a crer que não há esperança de vê-los reproduzir-se, mas temos de continuar com o esforço".

Em 2003, uma equipe de cientistas espanhóis e franceses usou genes preservadosem laboratório para trazer de volta à vida uma espécie de cabra selvagem extinta há catorze anos. O clone morreu dez minutos após o nascimento, por má-formação dos pulmões. Há planos para utilizar método similar para criar filhotes de rinocerontes-brancos. Afirma o paleontólogo Michael Archer, especialista em conservação, da Universidade de New South Wales, na Austrália: "Os desafios para progredir com os experimentos são tecnológicos, não biológicos. É possível criar um animal a partir de seu genoma, mas ainda não temos técnicas capazes de realizar isso com apuro, sem risco para o filhote".

O esforço conservacionista tenta reverter danos causados pela humanidade e que eram considerados irreversíveis há uma década. Um relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza destacou que cerca de 20 mil espécies estão hoje ameaçadas de extinção. Só no Brasil, o país com a maior biodiversidade do planeta, há 1.051 à beira do desaparecimento. Todo ano, ao menos 200 espécies são extintas. O aniquilamento impacta todo o habitat. Os rinocerontes, por exemplo, estão na categoria dos mega-herbívoros, que na cadeia alimentar ficam no patamar dos superpredadores, como o leão. Se um animal desses tipos desaparece, o ecossistema é desbalanceado: pragas se multiplicam, a diversidade das plantas é afetada e, no fim, o impacto pode alterar definitivamente o bioma local. Em efeito contínuo, homens deixam de ter acesso a recursos naturais da região com os quais estavam acostumados.

O homem, assim como qualquer ser vivo, depende da natureza. Todos os animais, incluindo nós, retiram o que precisam do ambiente. O ser humano, no entanto, parece ter excedido sua cota. No atual ritmo de consumo, o planeta precisa de um ano e seis meses para repor o impacto humano de um ano. A conta não fecha e, a continuar nessa toada, o fim inevitável é o colapso. Felizmente, é crescente o empenho em criar ações concretas para proteger o ambiente.

Houve inegável progresso nas últimas quatro décadas. Passou-se a discutir a necessidade de controlar a emissão de CO2 na atmosfera, surgiram programas de reciclagem e agora se fomenta a utilização moderada de recursos naturais. É lógico que o homem, onívoro, acaba por matar animais. Mas a caça de bichos silvestres não só deixou de ser glorificada, como é abominada pela maioria. Mesmo assim, ela continua a pôr em risco centenas de espécies, como as ararinhas-azuis brasileiras (inspiração do personagem Blue, da série de desenho animado Rio, 1 e 2, dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha).

Em 2007, milicianos assassinaram sete raros gorilas-das-montanhas no Congo apenas para envergonhar guardas-florestais que tentavam impedir um esquema de corrupção que repassava a criminosos o valor pago por turistas para ver os animais. É clichê dizer que o homem é como um vírus para o planeta. Resta saber se a humanidade escolherá corresponder a essa imagem destrutiva, ou se aprenderá a controlar seus instintos animais.

RINOCERONTE-BRANCO-DO-NORTE
Quantidade: seis (todos em cativeiro)
Onde vivem: na reserva Ol Pejeta, no Quênia, e em zoológicos de San Diego, nos Estados Unidos, e da República Checa
A ameaça: a caça para a comercialização dos chifres, aos quais a pseudomedicina asiática atribui poderes milagrosos, como prevenir infartos
Chance de sobrevivência: quase nula, já que a espécie é considerada extinta na natureza desde 2008 (só existe em cativeiro, e há apenas um macho)

ELEFANTE-AFRICANO
Quantidade: 500 mil (1 mil em cativeiro)
Onde vivem: no sul, no leste e no oeste da África
A ameaça: são mortos pelo marfim de seus dentes. Nos anos 80, eram abatidos 100 mil ao ano. A proibição do comércio, na década seguinte, permitiu a recuperação da espécie
Chance de sobrevivência: enorme. Um estudo na Tanzânia identificou que o número de elefantes aumenta 7,1% ao ano. A espécie virou símbolo de práticas eficientes de sustentabilidade

TIGRE-DE-SUMATRA
Quantidade: 711 (361 em cativeiro)
Onde vivem: na Ilha de Sumatra e em zoológicos
A ameaça: a caça responde por 78% das mortes, o que supre farmácias chinesas clandestinas, nas quais partes do corpo são vendidas como se tivessem propriedades mágicas
Chance de sobrevivência: pequena, já que o número de caçadores não diminui desde a década de 90. Só restarão exemplares na natureza se houver maior fiscalização, não só da caça, como também da venda ilegal na China

ARARINHA-AZUL
Quantidade: 86 (todas em cativeiro)
Onde vivem: em criadouros no interior do Estado de São Paulo, e, no exterior, na Alemanha, na Espanha e no Catar
A ameaça: pela sua beleza, é muito procurada, e caríssima, no mercado negro de tráfico de animais; indígenas ainda usavam penas do pássaro em cocares
Chance de sobrevivência: muito pequena. A espécie é considerada extinta na natureza desde 2000. Espera-se que cheguem a 150 em cativeiro antes de começar a reintrodução em seu habitat.

Fotossíntese artificial

Fotossíntese artificial

Técnica de cientistas brasileiros imita o processo natural das plantas para obter energia usando apenas água e luz solar

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Vanessa Daraya
Info - 08/2014
Matthias Weinberger/Creative Commons


As plantas convertem diariamente água e luz solar em fonte de energia há bilhões de anos, por meio da fotossíntese. Hoje, o pesquisador brasileiro Jackson Dirceu Megiatto Júnior, do Instituto de Química da Unicamp, em Campinas, São Paulo, estuda um processo parecido, feito em laboratório, que pode se tornar uma fonte alternativa para o consumo de eletricidade no futuro.

Com a ajuda da química e da engenharia molecular, o pesquisador está desenvolvendo um tipo de pigmento artificial chamado porfirina, parecido com a clorofila (responsável por absorver a luz nas plantas). Quando mergulhada em água e exposta à luz, a porfirina produz hidrogênio e oxigênio, gases também gerados na fotossíntese. No caso das plantas, o oxigênio é liberado na atmosfera e o hidrogênio é combinado com o gás carbônico para produzir açúcares, ricos em energia.

No experimento do pesquisador brasileiro, os gases são armazenados em tanques, conectados a outro dispositivo, e depois transformados em eletricidade e água. Com 4,5 litros de água expostos ao sol durante o dia é possível gerar energia para suprir a demanda de uma casa com quatro pessoas e um carro elétrico. Depois essa água é reutilizada para produzir hidrogênio e oxigênio novamente.

"Propomos um ciclo energético renovável que consome luz solar para gerarcombustíveis usando a água como reagente. Ou seja, a água seria a fonte de energia", afirma Megiatto Júnior. A energia é gerada sem poluição, e a técnica poderia reduzir a emissão de gases que provocam o efeito estufa. Para que a técnica possa ser usada nas casas, é preciso aperfeiçoar o processo, produzir em larga escala e diminuir o custo dos materiais. Hoje, a técnica transforma de 2% a 3% da energia solar em eletricidade, mas, em teoria, a eficiência pode chegar a 30%. "O processo tem potencial para produzir substâncias mais complexas, que, num futuro distante, poderiam suprir alguns derivados da indústria petroquímica, como os plásticos", diz Megiatto Júnior.