quinta-feira, 13 de março de 2014

Corais prosperam em baía remota no Pacífico apesar da acidificação

Corais prosperam em baía remota no Pacífico apesar da acidificação

2014   -   Autor: Tanya Dimitrova   -   Fonte: Mongabay


Cientistas descobriram uma pequena baía em uma ilha no Pacífico que pode servir como um olho mágico para se espiar o futuro dos oceanos. A Baía da Ilha Rochosa, em Palau, abriga uma anomalia que ocorre naturalmente: a sua água é tão ácida quanto cientistas dizem que todo o oceano ficará em 2100 como resultado das crescentes emissões de dióxido de carbono (CO2).
Surpreendentemente, a baía contém um dos recifes de coral mais saudáveis do Pacífico. Em qualquer outro lugar do mundo, a acidificação da água resulta no declínio e morte dos corais. Não nas Ilhas Rochosas.
“Fiquei chocada que a cobertura, riqueza e diversidade de corais fossem tão altas apesar do nível de acidificação”, comentou Katie Shamberger, uma das coautoras de um estudo recém publicado, que reportou tal descoberta incomum.
A acidificação do oceano é um efeito bem conhecido das mudanças climáticas e das emissões de gases do efeito estufa. Mais CO2 na atmosfera faz com que o oceano absorva mais carbono. Esse processo reduz o carbonato de cálcio na água – o elemento que os corais usam para construir suas estruturas corporais. Isso os torna frágeis e sujeitos à dissolução na água.
Até agora, o pH do oceano (um parâmetro da acidez) caiu em 0,1 desde o período pré-industrial, segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Os cientistas calcularam que, até o final do século, o pH deve cair em mais 0,25 abaixo da média atual.
Por acaso, esse nível é exatamente a acidez na baía de Palau atualmente. Mesmo assim, o recife de corais é mais rico e mais saudável do que todos os outros que ocorrem naturalmente em regiões costeiras de alta acidez na Papua Nova Guiné, em Galápagos, no Golfo do Panamá e na Península de Yucatán. Por que os corais na Ilha Rochosa são os únicos não afetados pela acidificação?
“Não sabemos”, admite Shamberger. Possivelmente, após crescer nesta baía por milhares de anos, eles se adaptaram geneticamente. Ou pode haver alguma combinação de fatores ambientais que os permite sobreviver apesar da acidificação.
“O ponto essencial é que os recifes acidificados de Palau são uma exceção”, comentou Shamberger. “Isso não significa que, no geral, os recifes de coral conseguirão lidar com a acidificação do oceano.”
Mesmo se a adaptação genética à água altamente ácida for possível, os recifes da Ilha Rochosa provavelmente levaram milhares de anos para alcançá-la. Hoje, a acidificação está acontecendo rápido demais: outros recifes terão menos que 100 anos para tentar se ajustar.
Infelizmente, essa não é a única ameaça que as mudanças climáticas apresentam. A água do mar mais quente pode matar as algas que vivem dentro do esqueleto dos corais e os nutrem. Com a sua morte, os corais perdem tanto a fonte de alimento quanto a sua cor, por isso o processo é chamado de branqueamento. Às vezes, os corais podem se recuperar do branqueamento, mas, se a água permanecer muito quente por um período prolongado, isso pode causar a sua morte.
Finalmente, os recifes de coral precisam de muita luz para suas algas, portanto, devem estar próximos à superfície. Se os corais não puderem crescer verticalmente na velocidade suficiente para dar conta do aumento do nível do mar, eles podem se “afogar” – morrer por estarem muito fundo e não receberem luz suficiente.
“As mudanças climáticas são uma ameaça tripla aos corais”, comentou Shamberger. “Aquecimento, acidificação e aumento no nível do mar colocam em risco os recifes de coral.”

Imagem: Mudanças nos níveis de pH oceânico entre 1700 e a década de 1990. Plumbago/Creative Commons 3.0.
Referências: Kathryn Shamberger, Anne Cohen, Yimnang Golbuu, Daniel McCorkle, Steven Lentz, Hannah Barkley (2013).Diverse coral communities in naturally acidified waters of a Western Pacific reef. Geophysical Research Letters.
Traduzido por Fernanda B. Müller
Leia o texto original no Mongabay (em inglês)

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