quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Ricardo Cardim: arqueólogo da natureza

Ricardo Cardim: arqueólogo da natureza

O ambientalista Ricardo Cardim não se cansa de rastrear espécies nativas em vias de extinção, como as mostradas nesta página, para reinseri-las na vida de nossas metrópoles

-  A  A  +
Evelyn Mullerv/Divulgação
A língua-de-tucano, o manacazinho-do-campo e o angico-branco são algumas das espécies que, com o tempo, escassearam na metrópole paulistana

Divulgação
Ele cresceu num típico apartamento paulistano, entre o concreto e o asfalto. Mas sempre adorou o verde e, ainda na infância, recolhia sementes para plantar pela cidade. "Sou fascinado pelas espécies do Cerrado e da Mata Atlântica e, já naquela época, não entendia por que as árvores de São Paulo não tinham nada a ver com aquilo que eu estudava e admirava", conta Ricardo Cardim.

Em 2007, criou um blog que alimenta até hoje, o Árvores de São Paulo, onde posta curiosidades botânicas da história da metrópole e tenta defender nossa biodiversidade. 
"Hoje, 80% da vegetação da cidade de São Paulo consistem em espécies estrangeiras", diz Cardim
Essa atitude extrapolou o virtual em 2009, quando fazia mestrado na Universidade de São Paulo (USP) e resolveu limpar e explorar uma área abandonada no campus. "Descobri um museu vivo ali, uma paisagem remanescente de Cerrado, com arbustos, árvores frutíferas e flores raras. Essa mesma vegetação achei depois em outro terreno no Jaguaré, na região oeste." Foi atrás dos meios oficiais até conseguir a atenção para os locais como reservas de preservação.

Algumas daquelas mudas antigas e quase extintas Ricardo reproduz agora em viveiro para aplicar nos telhados e paredes verdes de sua empresa de paisagismo sustentável, a Sky Garden (veja as fotos no início da reportagem). "Essa foi a forma que encontrei de colocar meu objetivo em prática: resgatar nossa diversidade vegetal original nos centros urbanos." Próximo passo? Neste mês, Ricardo abre as portas de uma loja na capital para vender e propagar o valor dessas preciosidades.

UMA RÁPIDA AULA DE BOTÂNICA...


QUASE EXTINTA

A língua-de-tucano é típica de antigos cerrados de São Paulo. "O padre Anchieta a usou para fazer alpargatas na época da fundação da cidade."

COLORIDO RARO

O manacazinho-do-campo também escasseou na metrópole paulistana. "Mas era farta até um século atrás onde hoje fica o bairro de Higienópolis."

FLORESTA ORIGINAL

Araçá, embaúba, angico-branco, palmito-jussara e aroeira-pimenteira já povoaram a avenida Paulista. Hoje, estão entre as espécies que Ricardo usa nos telhados verdes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo sua participação e opinião !