sábado, 1 de fevereiro de 2014

ALIMENTOS:Como ler os rótulos

Como ler os rótulos

Algumas expressões usadas nas embalagens de alimentos industrializados mais confundem do que esclarecem. Veja o que dizem os especialistas e as normas

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Fernanda Morelli e Mariele Góes Claudia - 

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DIET

O que é: Indica que há restrição de algum ingrediente, como sódio ou gordura, e pode aparecer nos rótulos como "zero". "A maioria desses alimentos não contém açúcar e é voltada para diabéticos", explica a nutricionista Manuela Dias, da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, a Proteste.

Não se deixe enganar: Esses alimentos nem sempre são mais leves. Um exemplo: o chocolate diet costuma ter alto teor de gordura, para compensar a ausência de açúcar, e até mais calorias que a versão tradicional. "O açúcar fornece quatro calorias por grama e a gordura chega a 9", diz a nutricionista Cecília Rios, do Centro Terapêutico Dr. Máximo Ravenna, em Salvador.

Antes de colocar no carrinho: Observe na tabela nutricional se o produto é menos calórico que o tipo original e se não possui teores elevados de ingredientes nocivos quando ingeridos em excesso, como gorduras e sódio. Na dúvida, compare com um similar não diet - muitas vezes a diferença é grande só no preço.

LIGHT
O que é: Deve apresentar 25% a menos de algum ingrediente em relação ao alimento tradicional. "Pode ser gordura e açúcar, o que diminui o valor calórico, ou sódio ou colesterol", diz Manuela Dias. A partir de janeiro, o valor dessa redução deverá ficar claro na embalagem por meio da comparação entre as duas tabelas nutricionais (a original e a light).

Não se deixe enganar:
 "Por ser light, as pessoas tendem a comer demais e, no fim, acabam ingerindo até mais calorias", alerta Manuela. E pense que o valor nutricional importa mais que o energético - um copo de suco de laranja pode ser mais calórico que um refrigerante, mas certamente é mais saudável.

Antes de colocar no carrinho: Cheque qual ingrediente foi reduzido e se ele gera grandes alterações calóricas. Além disso, atenção à porção de referência da tabela nutricional para descobrir quantas calorias você vai mesmo ingerir (o ideal é calcular de acordo com a medida caseira).

ZERO GORDURA TRANS
O que é: Pela nova resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), podem usar a frase alimentos que tenham apenas 0,1 grama de gordura trans por porção de 100 gramas ou de 100 mililitros.

Não se deixe enganar: A gordura trans pode aparecer nos rótulos disfarçada com o nome de gordura vegetal hidrogenada. Mas o perigo maior está na falsa ideia de que o produto é mais saudável por isso. "O alimento pode ser isento de gordura trans, mas conter alto nível de gorduras saturadas ou totais, que também são danosas por elevar o colesterol", lembra a nutricionista Cecília.

Antes de colocar no carrinho: 
Só acredite que o produto não possui gordura trans depois de checar na tabela nutricional. "O melhor alimento é aquele que não contém gordura trans, tem pouca gordura saturada e muita gordura boa, a chamada insaturada, geralmente encontrada nos alimentos de origem vegetal", afirma Carlos Alberto Werutsky, nutrólogo e diretor da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

NATURAL E ORGÂNICO
O que são: Ainda não existe uma regulamentação da Anvisa determinando o que um produto precisa conter para ser considerado natural. Já os itens orgânicos dizem respeito à forma de cultivo: são produzidos sem agrotóxicos e transportados e armazenados de forma diferenciada.

Não se deixe enganar: 
Existe uma grande diferença entre o alimento conter ingredientes naturais, como frutas, e atestar, na embalagem, que o produto em si é natural. "Se ele passou pelo processo de industrialização, já deixou de ser natural", ressalta a nutricionista Antônia Maria de Aquino, gerente de produtos especiais da Anvisa.

Antes de colocar no carrinho: "Quanto menos caixas e latas a gente comprar, melhor. Alimentos frescos são sempre mais saudáveis que os de pacote", afirma Cecília. Quanto aos orgânicos, procure nos rótulos por selos que atestem sua origem, como o IBD ou o Produto Orgânico Brasil.

BAIXO TEOR DE SÓDIO
O que é: O sódio é um mineral presente na maioria dos alimentos e também o principal componente do sal de cozinha. Consumido em excesso, faz o organismo reter líquidos e aumenta a pressão arterial. Saiba diferenciar: um produto possui baixo teor de sódio quando tem até 80 miligramas do componente por porção de 100 gramas; muito baixo se apresentar até 40 miligramas de sódio nas mesmas 100 gramas; e pode ser dito que o item não contém o ingrediente caso ele leve até 5 miligramas nessa porção.

Não se deixe enganar: O sódio pode aparecer com outros nomes, como benzolato de sódio, sacarina sódica e glutamato monossódico. Mais: olhe também os rótulos dos produtos que não têm paladar salgado, como adoçantes e ketchups, pois eles podem conter doses elevadas do ingrediente.

Antes de colocar no carrinho:
 "Todo alimento com mais de 400 miligramas de sódio por porção de 100 gramas deve ser evitado", aconselha a nutricionista Cecília Rios. Para se ter uma ideia, a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é consumir diariamente 2 gramas de sódio (menos de 1 colher de chá rasa de sal), no máximo. Em tempo: o termo "baixo teor" pode ser usado em outros casos - com gorduras, por exemplo - e o valor de referência para adotá-lo muda. É permitido que um alimento anuncie "baixo teor de gordura" quando apresentar até 3 gramas de gorduras totais por porção de 100 gramas. Os valores de cada substância constam em tabela no site da Anvisa.

INTEGRAL
O que é: São alimentos que contêm grãos ou cereais, como aveia, trigo ou centeio, e não passaram por um processo de refinamento. Não existe uma regulamentação sobre a quantidade mínima de grãos ou fibras necessária para um produto ser considerado integral.

Não se deixe enganar:
 Muitas vezes, a diferença é maior apenas no preço, já que cada marca adota o critério que deseja. Alguns fabricantes, apenas pelo fato de o alimento conter farinha integral ou farelo de cereais, já o denominam integral.

Antes de colocar no carrinho: Olhe com atenção a lista de ingredientes. Nela, os componentes do produto aparecem em ordem decrescente. "O ideal é que a farinha integral ou os cereais estejam entre os primeiros itens", afirma a nutricionista Manuela Dias. Se farinha refinada e açúcares vierem antes, redobre a atenção.

NÃO CONTÉM COLESTEROL
O que é:
 O colesterol é um tipo de gordura produzido naturalmente no organismo. E não só no nosso: todo alimento de origem animal contém colesterol, assim como produtos que levam ingredientes desse tipo (a exemplo do ovo, presente em tantas receitas). Mas um item pode se dizer isento se apresentar até 5 miligramas por porção de 100 gramas, como informa a nutricionista Antônia Maria.

Não se deixe enganar: Não conter colesterol não significa ausência de gorduras ou de açúcar nem que o alimento é menos calórico. E atenção: o consumo máximo de colesterol, segundo a Organização Mundial da Saúde, é de menos de 300 miligramas por dia.

Antes de colocar no carrinho: Uma pegadinha é empregar a frase em alimentos que já não conteriam a substância, como óleo vegetal. Aí você é levada a crer que o produto daquela marca é mais saudável que o de outras. "A partir de 2014, será obrigatório informar que o item não contém colesterol como qualquer um do mesmo tipo", diz Antônia.

ENRIQUECIDO COM...
O que é: A expressão aparece em tudo que recebe adição de nutrientes. Esse reforço pode ocorrer tanto para repor o que foi perdido durante o processamento do alimento quanto para reforçar o seu valor nutricional.

Não se deixe enganar:
 A frase pode desviar o seu foco, já que, normalmente, aparece em alimentos ricos em açúcar e gorduras, como os biscoitos recheados, achocolatados e os cereais matinais.

Antes de colocar no carrinho
: A partir de janeiro, só será permitido que um produto ateste que é enriquecido com determinado nutriente se houver uma versão tradicional da mesma marca para servir de parâmetro - e isso deve estar explícito por meio de tabelas comparativas. "No caso das vitaminas e minerais, por exemplo, para ser validado como enriquecido, é preciso ter um aumento de no mínimo 10% daquele nutriente", ensina Cecília Rios
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