quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O mar vai virar sertão

O mar vai virar sertão

Entre tradicional e high-tech, o museu Cais do Sertão Luiz Gonzaga, que abre este mês em Recife, recria o Brasil sertanejo

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Mariana Payno Elle

Divulgação

Não há luar como o do sertão, e quem cantou essa moda o fez como ninguém: da sanfona de Luiz Gonzaga, tradição e inovação saíram juntas, compondo as notas do que se tornou um dos mais fortes pilares da cultura popular brasileira, o baião. Recriando a trajetória do compositor pernambucano e resgatando a história sertaneja, o Cais do Sertão Luiz Gonzaga, com inauguração prevista para o dia 13 de dezembro, chega à beira do mar em Recife um ano depois do centenário de nascimento do rei do baião.


"Queremos mostrar o Brasil sertanejo por meio do sanfoneiro fantástico que foi Luiz Gonzaga", explica o antropólogo Antônio Risério, criador do conceito do museu. Para isso, uma equipe de artistas e especialistas viajou por grotões colhendo material para compor o acervo documental e buscando inspiração para as obras inéditas produzidas para o Cais. "É importante trazer para a beira-mar a cultura do sertão, que é riquíssima e pouco conhecida. E olhar para as raízes como algo que continua pulsando", diz a curadora Isa Ferraz, que também foi responsável pelo Museu da Língua Portuguesa e montou em Recife uma exposição nos mesmos moldes de interatividade da casa paulistana.



Um dos convidados para a empreitada foi o cineasta Kléber Mendonça (pré-indicado ao Oscar 2014 pelo filme O Som ao Redor, de 2012), que passou um tempo sob as estrelas de Ibimirim, a 300 km de Recife, para fazer os takes de sua produção para a mostra permanente, uma instalação sobre as feiras sertanejas. "Queria algo que não falasse apenas do espaço físico das feiras, mas que misturasse a linguagem cinematográfica à carga histórica de conflito e violência, que é muito forte no Brasil e no sertão", contou o diretor a ELLE.



Ao lado dele, com obras de artes plásticas, cinema, música e literatura, estão nomes como Tom Zé, José Miguel Wisnik, Marcelo Gomes, Carlos Nader, Luiz Hermano e Miguel Rio Branco. Assim, o Cais do Sertão vem se juntar à efervescente cena culturalpernambucana - que, mais do que falar sobre o regionalismo, resgata a universalidade do homem. E nada mais justo do que Luiz Gonzaga ser o mentor de tudo isso. Como bem colocou Mendonça: "Gonzaga cantou temas universais. Em algum momento da minha vida, percebi que sabia as letras dele de cor e eu nunca tive um disco do Luiz Gonzaga. É muito bonito isso".



ENQUANTO ISSO, NO RIO...

Pernambuco está mesmo no centro quando o assunto é arte - e não é de hoje. Sabendo disso, o Museu de Arte do Rio reuniu 300 obras na expo Pernambuco Experimental, em cartaz a partir do dia 10 deste mês. Entre pinturas, fotografias, canções e performances, a exposição traz o que de melhor se produziu por lá desde o início do século 20 até os anos 1980. De quebra, o MAR ainda apresenta uma mostra de filmes e lança um livro sobre o assunto.
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