domingo, 15 de dezembro de 2013

Em águas rasas

Em águas rasas

O baixo nível da Lagoa dos Ingleses preocupa esportistas, moradores e frequentadores de Alphaville, em Nova Lima

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Luisa Brasil
Veja BH - 
Victor Schwaner/Odin

Frequentadores da Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, têm motivos de preocupação. A barragem está com apenas 52% de seu volume total, o que causa inconvenientes para os praticantes de esportes náuticos. As margens, tomadas por barro, também afetam a bela paisagem do local, um dos principais atrativos da região. No Minas Náutico, unidade do Minas Tênis Clube que funciona dentro do condomínio Alphaville, um deque improvisado precisou ser utilizado para impedir o encalhe de embarcações.

Temos dificuldade em entrar e sair da lagoa, pois há risco de barcos e equipamentos baterem no fundo e quebrarem", diz Augustus Ligório, professor de remo. Também disputam espaço os praticantes de mergulho, vela, wakeboard e stand-up paddle (esporte em que se rema sobre uma prancha de surfe). "Estamos com uma área muito limitada para treinar", afirma o instrutor de stand-up paddle Johnny Costa, proprietário da escola SUP BH.

A secura chegou a afetar uma das etapas do campeonato mundial de wakeboard, em maio. "Não conseguimos utilizar um dos obstáculos previstos", conta a atleta profissional Teca Lobato. "Ele acabou ficando no raso, fora d`água."

Neste ano, o problema foi acentuado pela baixa ocorrência de chuvas entre janeiro e março, época em que a barragem costuma encher. Outra agravante é o emprego da água pela proprietária da lagoa, a mineradora Anglogold Ashanti. Entre maio e novembro, a empresa abre uma comporta para abastecer sete pequenas usinas que fornecem energia à mineração.

Insatisfeitos, gestores de Alphaville e dos clubes Minas Náutico, Serra da Moeda e Iate criaram um grupo que avalia medidas de preservação do uso recreativo das águas. "Aquela região é um cerrado e a lagoa é uma joia no meio da paisagem", diz o presidente do Minas, Sérgio Bruno Zech. Uma consultoria foi contratada e deverá apresentar um projeto que beneficie tanto quem utiliza a represa para se divertir quanto a mineradora. Uma das soluções estudadas é a construção de uma nova lagoa para abastecer a mineração.

Para os moradores de Alphaville, o interesse é na manutenção do valor dos lotes no condomínio. "A barragem é um componente importante na negociação de terrenos", afirma Abílio dos Santos, presidente da Associação Geral de Alphaville. "A Anglogold parece ter boas intenções, mas precisamos aguardar a hora de pôr as cartas na mesa." Em nota, a mineradora informou que "está sempre aberta ao diálogo com as partes interessadas". Enquanto uma solução não aparece, resta pedir ajuda a São Pedro no próximo verão.

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