sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Um museu de grandes novidades

Eles estão se libertando da visão embolorada do passado e abrindo espaço para atividades diversas. Vale até se reunir nesses lugares para tricotar, por que não?

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Débora Pinto *Vida Simples 

Flávia Mielnik


Ir a um museu é estar dentro de um grande prédio de atmosfera solene, cheio de coisas antigas ou obras de arte que são preservadas e escolhidas por outras pessoas para serem expostas. Pode até ser interessante deparar com objetos com tantos anos assim ou expressões artísticas e adquirir um pouco de cultura, mas nada do que está ali parece ter muito a ver com você ou, ainda, com o jeito que toca a sua vida. Afinal, coisas de museu são, não muito raramente, ou superiores e incompreensíveis ou meio sem vida, pouco conectadas com o presente - e menos ainda com o futuro. 


Se essa é a sua percepção, talvez seja o momento de olhar com um pouco mais de atenção para o que vem acontecendo nesses lugares. Há muitos museus dentro e fora do Brasil com propostas interessantes. Por exemplo, há lugares que promovem atividades como aulas de tricô, degustação de comida africana ou aulas de arte in loco. O objetivo é aproximar os diversos acervos do cotidiano das pessoas e, também, da cidade.

O MUSEU E A CIDADE
"Os museus sempre tiveram o potencial de serem centrais no desenvolvimento das cidades", explica o inglês Donald Hyslop, chefe de parcerias e relações com a comunidade do museu Tate Modern Gallery, de Londres. "A oportunidade que temos hoje é de colocar essas instituições em uma série de interfaces ao redor da cidade, juntando teoria e prática", completa. Para Hyslop, os museus são, acima de tudo, espaços para entretenimento, troca de conhecimento e congregação - portanto, vivos e pulsantes.



O Tate Modern é um bom exemplo disso e desenvolve um extenso programa voltado à comunidade, nascido de muito bate-papo com comerciantes, moradores do entorno e o poder público. Os jardins do museu são periodicamente ocupados por animadasreuniões comunitárias e até aulas de tricô já foram dadas dentro de uma das galerias, atendendo ao pedido de senhoras da região. Exposições e outras atividades artísticas muitas vezes são pautadas por temas que estão em efervescência no dia a dia da cidade, obras de arte fornecidas pelo museu ocupam o espaço urbano e os caminhos que dão acesso ao Tate a pé foram melhorados pela própria instituição. A visitação e visibilidade incentivaram a abertura de outras galerias, comércios e hotéis. Mas o principal, ainda segundo Donald Hyslop, é o estímulo ao pensamento sobre as muitas forças que fazem parte do desenvolvimento da cidade - e a responsabilidade que os museus podem assumir nesse processo. "Com as cidades se tornando cada vez mais sofisticadas, é preciso que esses espaços também se transformem para receber diferentes comunidades, desenvolvendo, além do acesso a seus acervos, projetos que possam ajudar a tornar o cotidiano das pessoas o melhor possível", explica Hyslop. 


Por aqui, o celebrado MAR - Museu de Arte do Rio, inaugurado no início do mês de março, nasceu em sintonia com esse jeito mais amplo de atuar. E, antes mesmo de sua abertura, seus idealizadores se reuniram para conversar com outras instituições, grupos culturais, associações e ONGS do entorno. O objetivo dessa troca era construir um museu que respondesse às necessidades e vontades não apenas das pessoas que pensam a arte, mas também de gente como a gente. Por exemplo, os moradores da região poderão ter acesso livre ao museu, no primeiro ano de funcionamento, para apreciar as exposições, participar das oficinas ou mesmo para usá-lo como ponto de encontro. Para isso, basta que façam um cadastro.


O mar faz parte de um plano urbanístico de revitalização da área portuária da capital fluminense, o projeto Porto Maravilha.

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