segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Nevasca derruba floresta com araucárias centenárias em SC

Nevasca derruba floresta com araucárias centenárias em SC ALEXANDRE MANSUR




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araucária tombando (Foto: Elcio Glovacki )

A floresta com araucárias, um dos ecossistemas mais ameaçados do país, sofreu com as nevascas dos últimos dias. É o que contam Germano Woehl Junior e Elza Nishimura Woehl, do Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade, que cuida de reservas privadas em Santa Catarina. Segundo Germano, o verde da mata sumiu sob o gelo. A reserva das Araucárias Gigantes, área de preservação que guarda algumas das últimas araucárias centenárias e as nascentes do rio Itajaí, em Itaiópolis (SC), foi duramente atingida.
“Centenas de árvores de grande porte simplesmente tombaram ou tiveram quase todos seus galhos quebrados devido ao acúmulo de gelo e os ventos fortes”, diz Germano.“ Os agricultores do entorno da reserva contam que durante a madrugada do dia 23/07 foram acordados com estrondosos ruídos das árvores quebrando e tombando em um efeito dominó. Era como se algo estivesse moendo as matas. Ficaram muito assustados e acharam que era o fim do mundo. A estrada que corta a reserva ficou bloqueada em quase toda sua extensão com galhos e árvores tombadas.”
Segundo Germano, os impactos foram maiores nas bordas e nas partes com mata secundária. As árvores novas que não quebraram, ficaram arqueadas. Para agravar a situação, uma camada de gelo de alguns centímetros se acumulou no chão da floresta primária (bem preservada) da reserva que ficou repleta de galhos quebrados e troncos das árvores que não resistiram. “Uma cutia foi encontrada atordoada, sem mostrar reação de fuga”, afirma Germano. “As consequências para fauna deverão ser graves, uma vez que houve perda total dos frutos verdes e maduros. O gelo acumulado no solo durante mais de 48 horas pode ter aniquilado com a população de anfíbios e outros pequenos animais, que estão na base da cadeia alimentar.”
As florestas com araucárias (ou florestas ombrófila mista) são um sub-tipo da Mata Atlântica que ocorre nas regiões mais frias e altas do sul do país. É o que há de mais próximo das florestas temperadas com pinheiros no Brasil. Estão ameaçadas de extinção. Foram vítimas de corte predatóriode madeira durante séculos. Os poucos trechos que restaram agora podem perder condições de sobrevivência por causa do aquecimento global.
Ironicamente, agora foi o frio extremo que atingiu algumas reservas. Em tese, as condições de frio, gelo e até neve deveriam ser parte do clima natural para esse tipo de floresta. Mas a situação nessa reserva das Araucárias Gigantes parece ser diferente. Por que essa reserva de araucária não se deu bem com o frio? “Conversei sobre isso com os moradores do entorno da RPPN. Eles consultaram os avós (antigos) que garantiram nunca ter visto algo semelhante. Uma nevasca de 1957 atingiu apenas a região de São Joaquim. E outra de 1879 dizem que foi generalizada, mas mencionam apenas Vacaria (RS)”, diz Germano.
No local da resera das Araucárias Gigantes, a altitude é de 700 metros. Não custuma dar geadas fortes. O pessoal cultiva bananas ali. Segundo Germano é uma área de transição da mata atlantica densa para a floresta de araucárias. “Não ocorre imbuia (Ocotea porosa), por exemplo, que é arvore tipica da ombrófila mista”, diz. 
Confira a galeria de fotos. 
araucaria grande (Foto: Elcio Glovacki )

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