domingo, 14 de julho de 2013

Ongs que mudam o mundo

Ongs que mudam o mundo

O verbo transformar prova sua valentia e alcance no trabalho de ONGs que atuam em prol de pessoas, antes, sem perspectiva de vida. Conheça três exemplos desse comprometimento

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Raphaela de Campos Mello


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"Qual é o seu sonho?", perguntou Dagmar Garroux - ou Tia Dag, como é carinhosamente chamada - a um garoto recém-chegado à Casa do Zezinho, entidade por ela fundada em 1994 no Parque Santo Antônio, periferia da zona sul de São Paulo. "O que é isso?", ele retornou, atiçando, naquele instante, a indignação há tempos incrustada no peito da educadora. 


O inconformismo com o abandono da população, entretanto, se somou à fé no potencial de cada indivíduo, levando-a a acolher as demandas locais - falta de teatro, cinema, quadras esportivas, centros de saúde, emprego. A ONG atende, anualmente, mais de 1,2 mil Zezinhos, crianças e jovens de ambos os sexos, com idade entre 6 e 29 anos, inscritos nas mais de 60 escolas públicas da região. Ali, são envolvidos em atividades de educação, arte, cultura e formação geral e em oficinas de capacitação profissional. 



Famosa por esbanjar garra e amor, Tia Dag ganhou notoriedade ao criar um modelo de desenvolvimento humano e social batizado de pedagogia do arco-íris. Ancorada em quatro pilares - ser (espiritualidade), conhecer (ciências), saber (filosofia) e fazer (arte) -, a metodologia educativa visa a autonomia de pensamento e de ação. O aprendiz entra aos 6 anos na sala lilás e vai avançando por sete estágios até chegar à sala vermelha, aos 21 anos.



"Procuramos desenvolver o talento de cada um, oferecendo muitos estímulos. Se a criança começa a trabalhar desde cedo, pula fases de aprendizado. Perde um direito", diz ela, que desafia: "Por que a única opção do jovem de periferia é fazer um curso profissionalizante?". Com orgulho, a educadora conta que, entre os "filhos" emancipados, há físicos, musicistas, profissionais das mais diversas áreas, inclusive atuando na própria ONG - 60% dos funcionários. Jack Arruda Bezerra é um entre milhares de Zezinhos crescidos e bem formados. No começo da adolescência, enquanto testemunhava a luta do pai desempregado para criar cinco rebentos e se fazia surdo aos chamados da criminalidade, ele foi conhecer a Casa, que mudaria seu destino.


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"Depois de muitos cursos e reforço escolar, passei no vestibular e me formei bacharel em turismo. Meu pai nem acreditava que tinha um filho na faculdade. Isso só foi possível graças à Tia Dag", conta Jack. Nesse reduto do respeito e da inclusão, o engajamento dos familiares é crucial. Além de frequentar reuniões, eles participam de oficinas de prevenção à violência, de geração de renda e atividades culturais e de lazer. Para contribuir: Interessados podem colaborar doando material escolar e de limpeza ou por meio de depósito bancário e do voluntariado.

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