terça-feira, 23 de julho de 2013

Eu vou, eu vou...(BICICLETAS)

Eu vou, eu vou...

Reclamar do trânsito caótico das grandes cidades já virou lugar-comum. Além de cobrar ações dos governantes, está em nossas mãos dar um empurrãozinho nessa lentidão e encontrar uma saída para melhorar a mobilidade urbana

Mariana Viktor 
fonte:Revista Máxima 
mugley/Creative Commons
"O luxo está no rico andar de transporte público e não no pobre andar de carro. O transporte público é um bem nacional.", aponta Marisa Moreira Salles, uma das organizadoras do evento Arq.Futuro
Todo dia, uma população igual à do Uruguai se desloca da zona leste de São Paulo rumo ao centro da cidade – e olha que estamos falando apenas de uma região! Na verdade, o verbo correto é “se arrasta”, já que a velocidade média do trânsito paulistano é de 13 quilômetros por hora nos períodos de pico, inferior à de uma galinha apressada (sim, é isso mesmo!)**. 

Ao todo, são nada menos que 20 milhões de pessoas circulando no maior município do Brasil. Por isso, demorar uma hora e meia para chegar a casa ou ao trabalho, num percurso que levaria 20 minutos, não espanta mais ninguém. Mas cansa! A média é de três horas diárias perdidas no trânsito, 60 por mês, 720 por ano – o que equivale a um mês inteiro dentro do carro ou do ônibus! E esse problema não é só de São Paulo – Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília seguem o mesmo caminho. 

Ter aproximadamente 5 milhões de automóveis rodando só na capital paulista não é motivo de orgulho para o país; muito pelo contrário. Na Alemanha, por exemplo, sede de grandes montadoras, as pessoas dispensam o carro no dia a dia. “Lá tem bonde,ônibusmetrôtrem ciclovia para atender os grandes centros, daí eles vendem a produção para nós”, diz o jornalista Bruno Favoretto (SP), que é deficiente físico e enfrenta problemas de mobilidade ainda piores que a maioria de nós. Ele integra um grupo que discute soluções de locomoção para que boas práticas – carona solidária uso de bicicletas, por exemplo – sejam implantadas em determinada região ou empresa.
QUANTA DIFERENÇA 
Nos países desenvolvidos, as pessoas utilizam o transporte público porque ele é confortável, pontual e seguro. “Já o Brasil ainda privilegia investimentos no transporte individual, em detrimento do coletivo, que leva mais gente num espaço menor e com menos impacto ambiental”, diz a arquiteta e urbanista Laisa Stroher, mestranda emplanejamento urbano (SP). 


Superpopulosas, as maiores cidades europeias e americanas já estariam paradas se não priorizassem soluções de mobilidade. “Paris, Londres e Nova York, cada uma, tem mais de 400 quilômetros de linhas de metrô, enquanto São Paulo, que precisaria de 600, soma 76”, conta Maurício Broinizi, coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo e da secretaria executiva da Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis

Como se não bastasse, essas metrópoles adotaram outras estratégias: Londres criou o pedágio urbano, que começou no centro expandido e hoje abarca outras áreas (o dinheiro arrecadado vai para melhorias no transporte público); em Nova York, foram construídos 450 quilômetros de ciclovias e 50 de corredores de ônibus só nos últimos cinco anos. São bons exemplos a serem seguidos! 

O QUE ESTÁ SENDO FEITO
A situação caótica do trânsito no Brasil pode começar a mudar. Em janeiro de 2012, foi implantada a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587), que obriga cidades com mais de 20 mil habitantes a fazer um plano de mobilidade até janeiro de 2015. “A Lei estabelece uma hierarquia, sendo a prioridade número 1 o pedestre e a última, o carro”, esclarece Maurício. “Os municípios que não elaborarem esse projeto dentro do prazo determinado perderão recursos federais para a área de mobilidade.” 


Outra medida que pode ajudar o trânsito: algumas cidades já criaram um plano de mudanças climáticas, no qual estabeleceram metas de redução de emissões de gases poluentes entre 20 e 30% (grande parte é o monóxido de carbono que sai dos carros). São Paulo fixou a meta de 30% articulando várias ações: aumento do percentual de biodiesel nos ônibus, rodízio de automóveis... “Dessa forma, reduzimos a poluição e aliviamos o trânsito”, afirma Maurício.
CAMINHO PERFEITO 
Depois de visitar 12 municípios mundo afora com o seu projeto Cidades para Pessoas, que visa discutir soluções para a mobilidade nos grandes centros, a jornalista e especialista em planejamento urbano Natália Garcia (SP), que mantém um blog no Planeta Sustentável, concluiu que um bom lugar para se viver tem transporte coletivo confortável, seguro e ágil. Também oferece terminais de metrô e ônibus interligados com ciclovias e bicicletários. “E já que não é possível construir de imediato ciclovias que interliguem a cidade, podemos seguir o exemplo de Londres, onde houve um trabalho de educação para que ônibus e ciclistas compartilhem a mesma faixa de maneira segura”, afirma. Enquanto isso não acontece nos municípios brasileiros, nada de ficar de braços cruzados. Veja o que podemos fazer já!

PARTICIPAR DE MOVIMENTOS 
Várias cidades estão revisando o Plano Diretor e elaborando novos projetos de mobilidade. “É importante que a população participe das discussões, que se aproprie do conteúdo desses programas e que cobre a sua efetiva aplicação”, diz Laisa Stroher. 

INCENTIVAR O USO DA BICILETA 
Alguns municípios já possuem trechos de integração entre o transporte cicloviário e o coletivo, o que permite fazer parte do percurso de bike e parte de ônibus ou metrô. Também vale participar de movimentos como o Bicicletada, que mostra os benefícios de usar a magrela. Se você quer começar a pedalar, contate a Bike Anjo – os voluntários orientam ciclistas sobre a forma mais segura de se deslocar, entre outras dicas.

COLOCAR O PÉ NA ESTRADA
De acordo com Natália Garcia, o percurso médio diário da população que vive em grandes cidades varia de 4 a 8 quilômetros. Se você trabalha perto de casa, por que não fazer o trajeto caminhando? Além de economizar, dá para manter a forma e ganhar saúde. 

ORGANIZAR A CARONA SOLIDÁRIA 
Proponha um esquema de rodízio aos seus colegas de trabalho que moram perto de você – cada semana é um que vai de carro.

ADOTAR O HOME OFFICE 
Se você pode trabalhar em casa, ótimo! Caso contrário, converse com os seus colegas e proponha ao chefe o sistema de home office, nem que seja duas vezes por semana. Com tanta tecnologia disponível, vocês podem se comunicar por tele ou videoconferência, e-mail..

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo sua participação e opinião !