Levados pelo estímulo das recentes reuniões que Dilma Rousseff teve com representantes dos movimentos sociais que foram às ruas, em meados de junho um grupo de lideranças do povo Kayapó esteve em Brasília para tentar uma audiência com a presidente. Não foram recebidos na ocasião, como não foram recebidos desde que o atual governo assumiu o comando do país. O mesmo grupo, então, resolveu fazer campanha para que a presidência os receba e discuta com eles pautas como a contrução de hidrelétricas em rios da Amazônia e outros projetos legislativos, como a PEC 215 e o PL 1610, que atentam contra seus direitos adquiridos.
As lideranças querem expressar sua indignação e preocupação em relação às violações aos direitos indígenas em curso, além de entregar o Manifesto do povo Kayapó, documento produzido em reunião realizada no início de junho, na aldeia Kokraimoro, no Pará. “Nesse encontro discutimos as políticas ruins desse governo. Vou falar com você (Dilma) sobre mineração em Terra Indígena. Eu não concordo. Não aceito mineração na nossa terra, como também não aceito madeireiro tirando madeira de nossa terra. Não podemos aceitar isso, pois vivemos da floresta”, bradou o cacique Raoni Metyktire, liderança do povo Mebengokré (Kayapó).
Nesta quarta-feira, a presidente afirmou publicamente que continuará recebendo os movimentos sociais e organizações da sociedade civil para discutir as demandas apresentadas durante as manifestações que ocorreram no país. A conversa com os indígenas ficou agendada para a próxima semana, dia 10 de julho. No entanto, segundo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, Dilma não deverá discutir as pautas tradicionais dos movimentos, mas tratar “da atual situação do país”. O isso quer dizer exatamente os indígenas não sabem. Mas continuarão na luta para levar a ela suas reivindicações.
No dia 20 de junho, lideranças Kayapó também se juntaram à grande manifestação que ocorreu na Esplanada dos Ministérios. Eles levavam faixas que pediam a revogação da Portaria 303 da Advocacia Geral da União (AGU) e também pediam a demarcação de sua terras tradicionais, que estão com os processos parados no Executivo devido à forte pressão do agronegócio, que pretende expandir a fronteira agrícola do país a qualquer custo, sem atentar para a importância que os povos indígenas têm para a proteção das florestas brasileiras.