sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Jornal Folha da Manhã - " Transtornos com lixo em bueiros"


O acúmulo de entulho nos bueiros de Campos é um problema que muitas vezes passa despercebido pela população em dias de estiagem, mas que certamente se torna uma fonte infinita de transtornos e preocupações para os moradores das áreas mais baixas do município quando chega a época das chuvas. Nos últimos dias, até mesmo temporais de médio porte tem sido o suficiente para colocar em xeque o sistema de drenagem da cidade. O resultado são ruas e casas invadidas pela água. No entanto, segundo a Defesa Civil Municipal, esse é o resultado de um costume antigo em Campos: jogar o lixo nas ruas.

De acordo com o comandante da Defesa Civil Municipal, Henrique Oliveira, não é difícil encontrar exemplos de incivilidade urbana em Campos, com lixo espalhado pelas grades e dentro dos bueiros de quase todos os bairros.

— Infelizmente a população não é educada para saber que não se deve jogar lixo nas ruas. Ela tem essa mania de jogar entulho em qualquer lugar. Quando chove, quem mora nas áreas mais baixas sofre. Campos tem ralos suficientes, mas sempre estão entupidos. Os piscinões que são feitos para bombear a água que não escoaria naturalmente não conseguem funcionar. E estou falando de lixo como restos de carros, móveis, galhos, eletrodomésticos... Muitas bombas até queimam — observa o comandante.
A equipe da secretaria de Serviços Públicos realiza a limpeza manual e mecânica dos bueiros, junto ao Mutirão da Limpeza que acontece toda semana em bairros diferentes, além disso, há o serviço separadamente diante requisições no órgão referente. Por mês, cerca de 2 mil limpezas de bueiros são efetuadas.


O secretário de Serviços Públicos, Zacarias Albuquerque, faz um apelo à população, pedindo para que se evite o descarte de resíduos nas galerias. “É importante o cuidado com nossa cidade e uma das ações fundamentais para este cuidado é o descarte dos resíduos nos sacos de lixo pra recolhimento semanal destes, feito pela secretaria de Serviços Públicos”, pontua.
Já a secretaria de Obras e Urbanismo realiza um trabalho paralelo e complementar à limpeza feita pela secretaria de Serviços Públicos. Através de um caminhão Silverjet, a secretaria realiza, num trabalho diário, cerca de 100 atendimentos por mês, com limpeza de bueiros na cidade, além de mutirão em localidades mais distantes.
Além da desobstrução feita pelas secretarias de Obras e Serviços Públicos, ainda há a secretaria Defesa Civil Municipal, que trabalha para que a água acumulada seja removida com maior rapidez possível. “Através de motobombas, retiramos água acumulada de onde há alagamento na cidade, em consequência de galerias obstruídas por causa de resíduos depositados indevidamente nas ruas. O ideal seria que as pessoas evitassem de jogar lixo em locais impróprios ou que colocassem os resíduos em sacolas nos dias da coleta. Caso estes resíduos sejam colocados antes do dia do recolhimento, há o risco de chover antes e o lixo ser empurrado pelas águas para as galerias ou algum animal mexer no resíduo e espalhá-lo pelas ruas. O importante é prevenir e evitar o entupimento dos bueiros”, destaca Major Edson Pessanha.

Moradores de vários bairros reclamam de problema
Os mais recentes transtornos causados devido à chuvas torrenciais ocorreram durante a madrugada e a manhã da sexta-feira, 1º de fevereiro, quando aproximadamente cinco horas de chuva resultaram em grandes prejuízos para a população. Vários trechos da cidade ficaram alagados, como no Solar da Penha, Novo Jóquei, Parque Nova Campos e Parque Novo Mundo.
A água acumulada atrapalhou o trânsito de veículos e pedestres, isolou a localidade de Cachoeiras de Mocotó e chegou a invadir algumas casas, mas não foi suficiente para alterar o volume do rio Paraíba. Choveu o equivalente a 45 ml de água.
Quem mais saiu prejudicado foram os moradores de áreas mais baixas, aonde a água se acumula com maior facilidade. Esse é o caso da dona de casa Rosemary da Conceição, de 26 anos, moradora de Nova Campos, que teve sua residência e a de parentes invadidas pela água durante as primeiras horas da manhã.

— A água entrou aqui e na casa da minha mãe, levando esgoto, lixo e tudo o mais para dentro, foi terrível. Só não perdemos nenhuma mobília, eletrodoméstico ou aparelho eletrônico porque nos juntamos para levantar tudo e agimos bem rápido com o apoio de vizinhos, familiares e amigos — relatou a moradora.
Todos pagam pela falta de consciência

Pedestres também sofrem com a sujeira acumulada nas bocas dos bueiros e dejetos espalhados ao longo das ruas. Em dias de chuva, os detritos entram dentro das casas junto com a lama e impedem a passagem de veículos pelas ruas.
Segundo a cabeleireira Márcia Cristina Souza, de 28 anos, pilhas de entulho que obstruem alguns bueiros do Centro e outros bairros se tornam um verdadeiro obstáculo para quem anda pelas calçadas nos dias em há alagamentos.
— É desnecessário falar do apuro que passamos quando há alagamentos, mas mesmo depois disso, poças se formam e ficam grossas camadas de barro e lama suja na rua. A população está passando por muita coisa, as casas todas enchendo de água e arruinando tudo. O esgoto transborda e a gente não tem mais o que fazer. Infelizmente, esse é um problema a que já estamos acostumados. As pessoas de Campos não se importam com as consequências de se jogar lixo nas ruas, e depois querem reclamar. Chega a ser vergonhoso e mostra que é preciso cuidar da prevenção, ensinando o povo a não joga lixo na rua. Só quem em sua casa alagada é que sente na pele o transtorno — queixa-se Márcia.

Ciro Mariano

13/02/2013 08:17
fonte: http://www.fmanha.com.br/geral/transtornos-com-lixo-em-bueiros

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