Rio -  Mais da metade de todo o lixo gerado em cidades como o Rio de Janeiro é de resíduos da construção civil. São montanhas de entulho, ferro retorcido, madeira e outros materiais que, muitas vezes, não têm o destino final correto. A boa notícia é que, mesmo que ainda ocupe um percentual ínfimo, a reciclagem de parte desse material está crescendo no Brasil.
Segundo o coordenador da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição, Levi Torres, de 2011 para o primeiro semestre de 2012, o volume de entulho coletado para reciclagem por empresas filiadas subiu de 180 mil metros cúbicos para 270 mil. “Talvez ainda seja menos de 1% dos resíduos produzidos, mas o volume está subindo com velocidade”, diz Torres.
Foto: Arte O Dia
Foto: Arte O Dia
O entulho é dividido em quatro categorias. A que é mais reciclada é a categoria ‘A’, a parte mineral das sobras. Em geral, ela vira pavimentação, mas também é transformada em areia, tijolos e outros subprodutos.
Segundo Torres, há duas explicações para o crescimento: uma é a criação, nos últimos anos, de leis que obrigam as construtoras a fazer um plano de gerenciamento de resíduos, dar destino final correto ao entulho ou reciclá-lo. A outra é a oportunidade de faturar com o entulho.
OBRAS PÚBLICAS
No Rio, grandes obras públicas estão apelando para a reciclagem, também para reduzir os altos custos dos transportes do entulho. Intervenções como a polêmica demolição do Elevado da Perimetral devem ter reciclagem. Ainda não há informações oficiais sobre qual será a destinação dos restos do viaduto, mas, segundo a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio, é certo que haverá reaproveitamento e reciclagem.
Mas a questão do entulho ainda está longe de ser resolvida. “O Rio sofre com a falta de locais para descarte. O que é gerado tem que ser levado para a Zona Oeste, o que pode encarecer obras”, explica Torres.
Boa parte vai para terrenos baldios
Um grave problema é a destinação incorreta de resíduos que não são reciclados ou levados para locais de descartes legais. Segundo Antônio Eulálio, conselheiro do CREA-RJ, de 70 a 75% dos resíduos da construção civil saem de pequenas obras, como reformas de imóveis particulares usados como residência.
É difícil, no entanto, ter certeza sobre a quantidade que vai parar em destinos irregulares. “Mas é claro que um percentual ainda tem destinação errada, como terrenos baldios”, observa Lydio Santos Bandeira de Mello, coordenador do Programa Piloto de Gestão de Resíduos do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio.
Sobre as grandes intervenções, Eulálio diz que as empresas já buscam se enquadrar nas exigências de planos de gerenciamento de resíduos das administração municipal, mas faz uma sugestão. “As construtoras poderiam usar terrenos e fazer suas próprias usinas de reciclagem”, diz.