domingo, 29 de julho de 2012

Cada lixo em seu lugar


Grande parte do lixo reciclável é fácil de classificar: metais, vidros, papéis e plásticos vão para as lixeiras amarela, verde, azul e vermelha, respectivamente. Mas vez ou outra é preciso descartar materiais que parecem não se encaixar em nenhuma categoria. Isopor limpo e CD, por exemplo, são plásticos recicláveis. Borrachas, espumas e tecidos devem ser jogados no lixo orgânico

Daniela Macedo e Tânia Nogueira
Veja - 11/07/2012

Há, ainda, uma categoria de resíduos que, embora possam ser reaproveitados, não devem ir para a reciclagem comum. A lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada em 2010, recomenda que fabricantes, comerciantes e importadores de produtos como pilhas, lâmpadas fluorescentes e eletroeletrônicos recolham esses materiais para encaminhá-los à reciclagem ou dar a eles outra destinação adequada. Essa logística reversa, porém, ainda está em fase de estudos, e não há prazo para sua implantação. "A nova política de resíduos sólidos requer ações totalmente diferentes do sistema atual de descarte de lixo. É preciso, por exemplo, oferecer ao consumidor uma cadeia de coleta eficiente", explica a ambientalista Ana Maria Domingues Luz, presidente do Instituto Gea, de São Paulo. Veja, a seguir, como descartar sete tipos de lixo complicados.
 


MEDICAMENTOS 
Por que requerem descarte especial: as substâncias químicas dos remédios podem contaminar o ambiente quando eles são jogados no lixo comum, na pia ou no vaso sanitário. "Além disso, o descarte inadequado de frascos contendo restos de medicamentos pode trazer risco à saúde de outras pessoas", diz a bióloga Patricia Blauth, especialista em minimização de resíduos da consultoria Menos Lixo, de São Paulo 
Onde descartar: há pontos de coleta em lojas das redes de drogarias Panvel (RS, SC e PR), Droga Raia (SP, RJ, MG, RS, SC e PR) e da rede Pão de Açúcar/Extra (SP) 



RADIOGRAFIA 
Por que requer descarte especial: chapas de raio X levam prata em sua composição, metal nobre que pode ser reutilizado na confecção de joias e certos utensílios. Jogar radiografias no lixo comum, portanto, é um tremendo desperdício. Mas, como o processo de recuperação da prata pode gerar resíduos tóxicos, as chapas também não devem ir para a reciclagem comum 
Onde descartar: nos postos de coleta do Hospital das Clínicas, em São Paulo, e do Hospital das Clínicas da Unicamp, em Campinas. Clientes dos laboratórios Fleury e a+ Medicina Diagnóstica podem entregar chapas antigas em unidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba, Recife, Porto Alegre e Brasília 



CARTUCHOS DE TINTA E TONER 
Por que requerem descarte especial: não devem ser encaminhados para a reciclagem comum para evitar o manuseio incorreto. Quando lavados em água corrente, por exemplo, cartuchos e toners podem contaminar o sistema de abastecimento. A manipulação do material também traz risco à saúde. O conteúdo do toner, um pó extremamente fino, pode atingir os pulmões se inalado 
Onde descartar: a HP recolhe cartuchos e toners, além de outros equipamentos da marca, mas é preciso juntar cinco cartuchos de toner ou dez de tinta para solicitar o recolhimento por meio do site da empresa. A Epson disponibiliza postos de coleta em algumas lojas revendedoras 



LÂMPADA FLUORESCENTE 
Por que requer descarte especial: o vapor de mercúrio do interior da lâmpada é tóxico e contamina o ar quando o vidro se rompe. "Se inalado, ingerido ou posto em contato com a pele, o mercúrio pode causar danos neurológicos. Como o metal não é eliminado pelo organismo, seu efeito é cumulativo", explica a bióloga Patricia Leme, educadora ambiental da USP em São Carlos. Na reciclagem comum, a lâmpada põe em risco a saúde de quem participa da cadeia, dos funcionários do condomínio aos trabalhadores das cooperativas, que não são capacitadas para lidar com esse material 
Onde descartar: a rede de lojas de material de construção Leroy Merlin tem pontos de coleta em todas as unidades (SP, RJ, PR, RS, MG, GO e DF) 



ÓLEO DE COZINHA 
Por que requer descarte especial: "Um único litro de óleo pode contaminar até 1 milhão de litros de água", diz o professor Miguel Dabdoub, coordenador do Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas (Ladetel) da USP de Ribeirão Preto. A gordura pode ainda se solidificar e entupir o sistema de esgoto 
Onde descartar: em São Paulo, o óleo vegetal armazenado em garrafas PET pode ser depositado nos postos de coleta da ONG Trevo, do Instituto Triângulo e do Hospital das Clínicas. O Carrefour tem pontos de coleta nas lojas do Rio e de São Paulo 



PILHA 
Por que requer descarte especial: com o tempo, a cápsula enferruja e se rompe, liberando metais pesados como mercúrio, chumbo, níquel e cádmio, que contaminam o solo e os lençóis freáticos 
Onde descartar: nas agências do banco Santander há pontos de coleta de pilhas, baterias portáteis e outros equipamentos eletrônicos. As redes Carrefour e Pão de Açúcar também recolhem pilhas velhas 



BATERIA DE CELULAR 
Por que requer descarte especial: os metais pesados usados na composição das baterias, como níquel e lítio, podem contaminar o solo e os lençóis freáticos 
Onde descartar: há urnas coletoras nas lojas das operadoras Vivo, Tim, Claro e Oi. Outra opção é encaminhar os produtos a cooperativas capacitadas para a reciclagem de lixo eletrônico. O site doInstituto Gea mostra a lista de cooperativas em São Paulo 



TIRE ESSA TRALHA DAQUI 
Computadores guardam metais pesados tóxicos. Geladeiras antigas têm gás CFC, nocivo à camada de ozônio. A radiação emitida pelos fornos de micro-ondas, mesmo os quebrados, pode causar queimaduras sérias. Em resumo: aparelhos elétricos e eletrônicos não devem ir para o lixo comum. Mas como se livrar da bagunça sem grandes gastos ou esforços? 



Direto à fonte 
Verifique no site ou com o SAC do fabricante se ele tem programas para dar destino adequado a aparelhos eletroeletrônicos quebrados ou obsoletos. Os computadores da Dell, por exemplo, podem ser recolhidos gratuitamente na casa do consumidor 



Coleta especial 
Descubra se há locais de coleta e reciclagem de lixo eletrônico em sua região. Sites como e-Lixo Maps e Made in Forest podem ajudar. Outra opção é entrar em contato com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, que procura a melhor solução para o seu caso - quando ela existe. "Infelizmente, o Brasil ainda não tem esse tipo de serviço disponível em todo o território nacional nem para todo tipo de resíduo", diz Carlos Silva Filho, diretor executivo da entidade. No site da Abrelpe, há uma lista de ecopontos e de cooperativas de confiança na cidade de São Paulo 



Mediante pagamento 
Pode valer a pena pagar para se livrar do incômodo. A Descarte Certo, especializada em desfabricação de produtos, retira os objetos em residências por todo o Brasil e os manda para uma espécie de desmanche, onde peças e materiais são separados e encaminhados para reúso, reciclagem ou, em último caso, descarte apropriado. O serviço pode ser contratado pelo site ou em lojas do grupo. Custa entre 39 reais e 129 reais, para as peças maiores, ou 59,90 reais a caixa de 20 quilos 



SEM PARANOIA 
Descartar eletrônicos que contenham dados e arquivos pessoais, como smartphones, tablets e computadores, causa - com razão - certo receio. Veja as dicas de Leandro José da Costa, especialista em segurança da informação: 



Telefones, tablets e tocadores de MP3 
Basta seguir o procedimento-padrão descrito no manual do aparelho para apagar os dados. Para limpeza do iPhone, iPad ou iPod, por exemplo, selecione Apagar todo o Conteúdo e Ajustes, dentro de Geral/Redefinir. Feito isso, é impossível recuperar os dados antes ali armazenados 



Computadores 
Em equipamentos com HD não basta deletar arquivos e programas e reformatar o disco rígido. "É preciso executar um processo de limpeza chamado wipe", diz Costa. "Esse processo substitui todo o conteúdo do disco rígido por zeros, por exemplo, impossibilitando a recuperação dos dados." A ferramenta WipeDrive funciona tanto no Windows quanto no Mac. Uma opção grátis é o Dban. O processo wipe também é indicado para pen drives 



Esgoto não é lata de lixo 
O vaso sanitário não foi feito para fio dental, cabelos, pontas de cigarro, muito menos para absorventes e fraldas descartáveis: tudo isso entope o encanamento da casa e o sistema público de coleta. Já o papel higiênico, em tese, pode ganhar esse destino. "Mas só se houver tratamento de esgoto no bairro", diz Hélio Nazareno Padula Filho, gerente do departamento de serviços da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). "Em São Paulo, na maioria das vezes, não há problema. Mas, infelizmente, boa parte dos municípios brasileiros ainda despeja seus esgotos em fossas, nos rios ou no mar. O papel enche a fossa ou polui as águas", explica o especialista. 



Outras fontes consultadas: Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, o advogado Fabricio Dorado Soler, especialista em direito ambiental, do escritório Felsberg e Associados, e o Ministério do Meio Ambiente

Fonte: Planeta Sustentável

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