domingo, 15 de julho de 2012

Aterro acabou mas lixo, não: Galpão em Gramacho serve como passagem de resíduos que seguem para Seropédica






Cíntia Cruz

O dia 3 de junho deste ano foi de esperança para a dona de casa Maria José da Silva, de 44 anos. Com o fechamento do aterro sanitário do Jardim Gramacho, ela pensou que o passado de lixo teria ficado mesmo para trás. Mas um dia depois do fim do aterro, Maria José passou a conviver com o problema ainda mais de perto. Todo o lixo da cidade — cerca de 2.700 toneladas por semana — está sendo depositado num galpão a cerca de dez metros de sua casa. O local funciona 24 horas e serve de transbordo para os resíduos que seguem para o Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) de Seropédica.
— Para nós piorou muito. Quando chove, o chorume escorre — lamenta.
Vizinha do galpão, a doméstica Lurdes Cordeiro, 52, enumera os problemas:
— Rato, barata, mau cheiro, poeira. Parece que a lixeira está no meu quintal.
Até os funcionários que descarregam o lixo se queixam do novo destino:
— A fila é tão grande que fico um dia inteiro para descarregar uma viagem — lamentou um motorista que não quis se identificar.


Coleta atrasada

A Locanty, empresa responsável pelo recolhimento de lixo em Caxias, atribui a demora na regularização da coleta na cidade às filas no galpão. Há 20 dias, os prestadores da Locanty fizeram greve e a coleta ficou dias atrasada.
Em nota a empresa disse que “o montante de resíduos recolhido diariamente no município está reduzido a 50% da quantidade usual, retardando a previsão de normalização do serviço”.
Processo facilita logística, diz prefeitura

A Prefeitura de Duque de Caxias disse que não paga para usar o galpão e que o processo facilita a logística. O dono do espaço Otávio Taves explicou que tem um acordo operacional com a Ciclus Ambiental, empresa do grupo da Haztec, que opera o CTR de Seropédica.
— A Ciclus é gestora de aterros sanitários no Rio de Janeiro. Nossas instalações foram adaptadas para se adequar a todas as normas ambientais e possui todas as licenças necessárias.
Segundo a Prefeitura de Caxias, o processo de transbordo do lixo é fruto de acordo com a Prefeitura do Rio e autorizado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Para reduzir o tempo de descarga do lixo recolhido, além da estação de transferência em Jardim Gramacho, a Prefeitura de Duque de Caxias informou que estuda a implantação de outras áreas de transbordo na cidade.
A Secretaria municipal de Conservação e Serviços Públicos do Rio explicou que o acordo entre as prefeituras não prevê diretamente o galpão e sim o destino correto dos resíduos em Seropédica.
Segundo a assessoria do Inea, o licenciamento do galpão foi feito pela própria Prefeitura de Caxias.

Veja abaixo as notas na íntegra:
Nota da Prefeitura de Caxias

A Prefeitura de Duque de Caxias não paga nada para usar o galpão localizado em Jardim Gramacho como estação de transferência para o Centro de Tratamento de Resíduo (CTR), em Seropédica. O processo facilita a logística, pois o lixo é transportado do galpão em grandes caminhões, evitando mais viagens e congestionamento com veículos menores. O acordo foi feito entre a Prefeitura e a Comlurb, como medida socioambiental pela implantação do aterro.

O serviço é feito 24h por dia e o material compactado fica pouco tempo no galpão que foi autorizado pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA) para funcionamento. A empresa Haztec – que presta serviço ao Estado, ao Município do Rio e opera os CTRs (Centros de Tratamento de Resíduos) de Nova Iguaçu, São Gonçalo e Seropédica – tem prazo de cinco meses para apresentar uma solução definitiva para o processo de transbordo do lixo.
A Secretaria Municipal de Saúde, através da Coordenadoria de Vigilância Ambiental, Vetores e Zoonoses, informa que não existem notificações de endemias na localidade. São realizados, rotineiramente, mutirões e trabalhos com os agentes sanitários da secretaria que visitam e aplicam larvicida nas residências. Carros fumacês também percorrem todas as ruas de forma preventiva. O trabalho de aplicação de raticida será intensificado na área do entorno do galpão.
A Procuradoria Geral de Duque de Caxias vai entrar com uma medida judicial para denunciar às autoridades policiais, ambientais e judiciais a ação de vândalos e de grupos políticos que estão jogando lixo pela cidade. Foram identificados caminhões de outros municípios despejando detritos em vários bairros e de pessoas em atividades de madrugada, que não são trabalhadores.
È comum a empresa recolher o lixo pela manhã, em vários locais, e à noite eles ficarem completamente sujos novamente.

Nota de Otávio Taves, dono do galpão

Não temos nenhuma relação direta com a Prefeitura de Duque de Caxias. Temos um acordo operacional com a Ciclus Ambiental, que é gestora de aterros sanitários no Rio de Janeiro. Nossas instalações foram adaptadas para se adequar a todas as normas ambientais e possui todas as licenças necessárias a operação. No que tange ao chorume, é impossível que ele invada qualquer área. Primeiro porque ele quase não é gerado e segundo porque nosso imóvel foi projetado para armazená-lo em caixas apropriadas para sua coleta.( Até o momento não houve produção de chorume.) A àgua que foi vista na rua (água potável) foi consequencia de um furo na tubulação da Cedae feito por moradores da região para obtenção de água sem custo (Gato). Vale ressaltar que estes furos na tubulação bem como a limpeza da rua estão sendo realizados por nós. Em última análise, prestamos um serviço de suma importância para a resolução do problema do lixo de Duque de Caxias que é transportado e tratado seguindo todas as normas ambientais.

Nota da Locanty

A Locanty, empresa responsável pelo recolhimento do lixo no município, informa que está promovendo todos os esforços para a regularização dos serviços. A empresa esclarece que os problemas apontados pelos moradores decorrem de dificuldades verificadas a partir do fechamento de Jardim Gramacho e a disposição dos resíduos recolhidos em área de transição definida pelas
autoridades municipais. Informa ainda, que vem reportando, diariamente, à prefeitura e à empresa que administra a área de transição, as dificuldades enfrentadas.
Uma delas diz respeito ao tempo de descarga dos caminhões na área de transição que tem se prolongado além do esperado, prejudicando o cumprimento dos roteiros originais de coleta. Por conta disso, o montante recolhido diariamente no município está reduzido a 50% da quantidade usual, retardando a previsão inicial de normalização do serviço. Ainda assim, todas as equipes estão mobilizadas no atendimento aos bairros mais afetados.
Em função do acúmulo nas ruas e até que a situação esteja regularizada, a empresa pede a colaboração da população reforçando a necessidade de se observar os dias de coleta, evitando que os resíduos fiquem expostos além do necessário. Para remoção de grandes volumes como móveis, colchões, restos de obras e afins, moradores devem solicitar agendamento.


*Fonte:http://extra.globo.com/noticias/rio/baixada-fluminense/aterro-acabou-mas-lixo-nao-galpao-em-gramacho-serve-como-passagem-de-residuos-que-seguem-para-seropedica-5326373.html


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