sábado, 12 de maio de 2012

Projeto leva catadores para salas de aula onde aprendem sobre destinação correta de lixos eletrônicos


Em janeiro do ano passado, o Instituto Gea-Ética e Meio Ambiente implantou o projeto Eco-Eletro (Segurança+Renda) de capacitação de cooperativas de reciclagem. Em parceria com o Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática (Cedir) e com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), o projeto leva dez catadores por mês gratuitamente para os bancos da Poli-USP, onde aprendem como lidar de forma segura e mais rentável com o lixo eletrônico.

De acordo com a presidente do Instituto Gea, Ana Maria Domingues Luz, nas cooperativas que se propõem a trabalhar de acordo com as linhas de conduta propostas pelo Instituto, um núcleo de tratamento de lixo eletrônico é instalado no local. Ana Maria acrescentou que a entidade percorre as cooperativas para constatar se os catadores estão aplicando, na prática, o que aprenderam no curso.
O Instituto também divulga a cooperativa como um ponto seguro de encaminhamento desse tipo de lixo. Os catadores são orientados a vender o lixo eletrônico separado apenas para compradores licenciados e que dão tratamento e destinação correta aos materiais.
A cada mês, uma turma de catadores passa pela capacitação. Ao todo, já foram treinados 119 catadores de 53 cooperativas. O projeto, que foi pensado para atingir apenas as cidades de São Paulo, Guarulhos e os municípios do ABC Paulista, de acordo com Ana Maria, acabou despertando interesse de outros Estados brasileiros, inclusive Minas Gerais. Em março, dois catadores mineiros fizeram duas semanas de curso e planejam replicar o que aprenderam. Todos os formandos recebem um CD explicativo com as aulas detalhadas.
Além dos catadores, pessoas de comunidades, de organizações não governamentais, das prefeituras, além de apoiadores e jornalistas também são recebidas pelo Instituto Gea. “Tem sido muito interessante porque, ao mesmo tempo em que estamos disseminando informações sobre os problemas de como descartar o lixo eletrônico, isso permite que pessoas de diferentes níveis econômicos possam conviver em sala de aula e, às vezes, diminuir preconceito”, destacou Ana Maria.
O projeto Eco-Eletro se estenderá até o final deste ano. A perspectiva é ter até dezembro mais oito turmas de catadores. A presidente disse ainda que a intenção é expandir o projeto: “a ideia é dar mais condições para expandir o conhecimento para outras localidades do Brasil, uma vez que o projeto não dispõe, no momento, de recursos para pagar a estadia e alimentação para catadores de outras cidades”.
Ana Maria estimou que a questão do lixo eletrônico terá maior divulgação quando for implantada a logística reversa (devolução do produto após o consumo aos fabricantes). O mecanismo abre possibilidade de parceria dos catadores com as próprias empresas e irá beneficiar também a população brasileira como um todo.
Segundo o relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), divulgado em 2010, o Brasil ocupa a liderança entre as nações emergentes na geração de lixo eletrônico per capita, isto é, por habitante, a cada ano. O relatório aponta que o lixo eletrônico descartado por pessoa equivale a meio quilo (0,5 quilo) por ano. Em contrapartida, na China, que tem uma população muito maior, a taxa de lixo eletrônico por pessoa é 0,23 quilo e, na Índia, ainda mais baixa, de 0,1 quilo.
 (Fonte: AMDA)

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