segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Desafios da alternativa energética Publicação: 04 de Dezembro de 2011 às 00:00imprimircomentarenviar por e-emailreportar erroscompartilhartamanho do texto A+ A- Brasília (Adital) - A produção de biomassa no Brasil ainda está concentrada nos resíduos da cana-de-açúcar, e os investimentos para gerar energia a partir dos resíduos de milho e soja ainda são baixos. O pouco interesse, de acordo com Luciano Basto Oliveira, justifica-se pelo alto custo para retirar os resíduos de milho e soja das áreas de plantio. O pesquisador esclarece que o bagaço de produto é recolhido do campo porque ele "é um resíduo agroindustrial, cujo transporte é pago pelos produtos principais da cana-de-açúcar: açúcar e etanol". Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, Luciano Basto Oliveira também comenta a proposta de incineração do lixo, prevista no Plano Nacional de Resíduos Sólidos-PNRS. Apesar de esta ser uma das tecnologias mais utilizadas no mundo, assegura, a queima de plásticos e borrachas gera gases de efeito estufa. "A solução para os resíduos sólidos urbanos brasileiros requer a implantação e funcionamento do sistema de gestão integrada. Neste, a segregação dos materiais recicláveis na fonte conviverá com um equipamento de triagem (caso o engajamento popular seja pequeno, para melhorar o rendimento), sendo associados à instalação de biodigestores e a sistemas de incineração - cujas dimensões decorrerão da eficiência de cada etapa anterior -, contando com aterros sanitários para o material inerte, os rejeitos e os casos fortuitos, como prevê a PNRS", aponta. Luciano Basto Oliveira é graduado em Ciências com habilitação em Matemática pela Universidade Estácio de Sá, especialista em Análise Ambiental e Gestão do Território pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas - Ence/IBGE, e mestre e doutor em Planejamento Energético pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia - Coppe/UFRJ. Atualmente é pesquisador do Instituto Alberto Luiz Coimbra/Coppe/UFRJ. Confira a entrevista. O senhor menciona que os resíduos vegetais têm potencial de gerar um terço de toda a energia consumida no país. O que tem dificultado o investimento em biomassa no Brasil? O país é muito rico em fontes energéticas, o que remete a algumas poderem, pela natural limitação do consumo, acabar sendo inviáveis para o mercado interno. Mas também existem casos em que fontes mais baratas são desperdiçadas por conta de seu caráter inovador naquele mercado, o que, até certo ponto, é compreensível. Como estão os investimentos em biomassa no Brasil? Vêm evoluindo, mas ainda estão concentrados na cana-de-açúcar e seus derivados - que são excelentes representantes do setor; ajudaram a demonstrar a viabilidade desta alternativa e a competência técnica e empresarial no setor. Mas é necessário diversificar para aproveitar o potencial existente. Por que a geração de energia, a partir dos resíduos de milho e soja, são mais caros se comparados ao uso do bagaço da cana-de-açúcar? Porque o bagaço é um resíduo agroindustrial, cujo transporte é pago pelos produtos principais da cana-de-açúcar: açúcar e etanol, enquanto os resíduos de soja e milho atualmente ficam no campo, o que remete a um custo para coletá-lo. Assim, utilizando a mesma tecnologia para geração elétrica (ciclo Rankine), o bagaço disponibilizará eletricidade mais barata. Além disto, parte da energia disponível na forma de calor não é convertida em eletricidade e, no caso do bagaço, há o aproveitamento deste para fazer a usina de cana funcionar (cogeração), mercado complementar que inexiste nos demais casos. Considerando que o preço solicitado pelas usinas ao bagaço nos leilões não seja especulativo - uma vez que seu interesse é obter a garantia de receita, o que pode ser comprometido com o aumento artificial do preço e a competição com outras fontes -, o fato de parte da oferta não ter sido vendida significa que as alternativas mais caras, provenientes dos demais resíduos, também não conseguirão. Qual tem sido o papel das fontes alternativas de energia no Brasil? O conceito de "alternativa" depende da localização e da tecnologia. No Brasil, a maior parte da eletricidade provém de fontes renováveis e, assim, já não é alternativa. O próprio etanol, tão conhecido aqui, é uma alternativa no exterior. Parece-me mais adequado falar de fontes renováveis não convencionais e discutirmos como aproveitar nossas potencialidades, mesmo que o mercado interno tenha alternativas mais baratas e o caminho seja a exportação. É importante ressaltar que existe um mercado internacional de biomassa para fins energéticos, do qual o Brasil, com uma das maiores aptidões para esse setor, não participa de maneira significativa. Qual o potencial do Brasil em investir em biomassa? Apesar do significativo potencial, o conveniente é, a meu ver, identificar como aproveitar as dezenas de milhões de toneladas anuais que acabam sendo decompostas sem aproveitamento: a utilização local, para geração elétrica ou combustível veicular (biogás tratado ou produção de etanol de segunda geração), ou para exportação (briquetes ou pellets). Em que países o uso da biomassa para geração de energia é mais desenvolvido? Quais são os países que dominam, hoje, essa tecnologia? O Brasil é um dos principais, para geração elétrica e uso veicular. Mas o consumo de biomassa é expressivo para aquecimento no hemisfério Norte. Qual o potencial energético do uso de dejetos de aves, suínos e bovinos? Há no Brasil investimento nessa área? Considerando somente os rebanhos confinados, o potencial atinge 17,5 Mm³ de metano/dia - aproximadamente a metade do que importamos da Bolívia. Esse gás pode ser convertido em eletricidade, abastecer veículos, indústrias, residências, como o gás natural - desde que tratado. Adicionando o potencial dos resíduos agrícolas e dos urbanos, todos convertidos em gás, o potencial atinge 50 Mm³/d, em média, uma vez que esta oferta é sazonal. Sim, há alguns empreendimentos em funcionamento e outros sendo implantados. É importantíssimo lembrar que o descarte inadequado causa muitos danos ambientais e à saúde pública. Por outro lado, o sistema de tratamento é caro. Então, o aproveitamento energético atrelado ao tratamento ambiental transfere o custo para o combustível, que consegue competir com outras fontes. É possível gerar energia a partir do aproveitamento do lixo? Qual é o potencial de aproveitamento energético dos resíduos sólidos urbanos? Sim, é possível. Há diversas rotas tecnológicas em funcionamento no mundo, desde a queima do biogás recuperado de aterros até o arco de plasma, passando pelo gás de biodigestores e a incineração. É preciso ressaltar que a reciclagem é uma medida de conservação de energia, pois economiza o consumo industrial da conversão dos recursos naturais em bens - ou seja, mesmo não gerando diretamente, permite que a oferta seja ampliada de maneira maior que se o lixo fosse utilizado para geração. O potencial atual, considerando a reciclagem máxima associada à biodigestão da fração orgânica, atinge 60 TWh/a, equivalente a 15% do consumo nacional ou 65% do setor residencial. Entre as propostas do Plano Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, discute-se a incineração do lixo. Como o senhor vê essa alternativa? Há implicações ambientais nesse processo? É uma das tecnologias mais utilizadas no mundo, dispondo de 650 usinas termelétricas, inclusive novas, funcionando no centro das cidades de Londres e Paris, por exemplo. Do ponto de vista técnico, aplica-se quando a participação de plástico e papel seco supera 30% do resíduo - o que é comum nos países mais ricos, onde a maioria dos alimentos é comprada em embalagens. Sua eficiência quanto à geração líquida (produzido menos consumido) local é a melhor dentre as alternativas. Mas, por queimar plásticos e borrachas, seu balanço de gases balanço de gases responsáveis pelo efeito estufa não é o melhor. Além disso, emite poluentes orgânicos persistentes - ainda que em teores controlados e em quantidades inferiores a diversas outras fontes emissoras, como usinas a carvão, veículos a diesel, combustão de lixo a céu aberto, queimadas, etc. Minha visão é de que a solução para os resíduos sólidos urbanos brasileiros requer a implantação e funcionamento do sistema de gestão integrada. Neste, a segregação dos materiais recicláveis na fonte conviverá com um equipamento de triagem (caso o engajamento popular seja pequeno, para melhorar o rendimento), sendo associados à instalação de biodigestores e a sistemas de incineração - cujas dimensões decorrerão da eficiência de cada etapa anterior -, contando com aterros sanitários para o material inerte, os rejeitos e os casos fortuitos, como prevê a PNRS. Esse tipo de aproveitamento requer tecnologia disponível no país e é capaz de gerar oportunidades de trabalho aqui, além de contribuir para a mitigação de emissões - mesmo que a biomassa seja exporta

ABLP e Selur lançam “Guia de orientação para adequação à Política Nacional de Resíduos Sólidos”
Um ano após a instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei 12.305, os 5.564 municípios do País ainda carecem de um perfeito entendimento da lei. Para auxiliar as prefeituras nessa tarefa, a Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP) e o Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selur) criaram O Guia de orientação para adequação à Política Nacional de Resíduos Sólidos.  “Trata-se de um estudo de 136 páginas sobre como as prefeituras devem proceder quanto à PNRS”, diz Tadayuki Yoshumira, presidente da ABLP.
A ABLP e o Selur contrataram a consultoria PwC para desenvolver o guia, que será um instrumento para que o gestor do município atenda às exigências da Política Nacional nos aspectos operacionais, financeiros e legais. De maneira didática, a publicação orienta as prefeituras a fazerem um inventário de todos os resíduos sólidos do município e aborda as tecnologias, as modelagens de contrato e a organização de consórcios. A sustentabilidade financeira de curto e longo prazo,  a obtenção  de recursos e a adequação à legislação vigente também são tratados.
“O guia é um passo a passo que auxiliará os municípios a implementarem a PNRS, independentemente do estágio de implementação em que se encontrem”, diz Ariovaldo Caodaglio, presidente do Selur e diretor da ABLP. Também apresenta um comparativo dos sistemas de Barcelona (Espanha) e Bogotá (Colômbia), que são distintos entre si e atendem bem a população de cada cidade.
Além doguia, a ABLP e o Selur abrirão em seus sites um espaço para que os gestores dos municípios esclareçam questões a respeito do conteúdo da publicação. Com isso, as entidades reforçam sua atuação para a melhoria da gestão de resíduos sólidos no Brasil e a parceria com as prefeituras.
Lançamento
*Fonte:http://www.inteligemcia.com.br/54884/2011/11/30/guia-orienta-municipios-a-se-adequarem-a-politica-nacional-de-residuos-solidos/

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