sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O lixo como um bem econômico gerador de empregos

Por Fabiano Ávila, da Carbono Brasil
Especialistas destacam que além da sociedade ter que repensar seus hábitos de consumo é preciso que o governo e a iniciativa privada percebam que a reciclagem é uma grande oportunidade de novos negócios e uma ferramenta promotora da cidadania.
Se você pegar a lata do lixo de sua casa e começar a analisar um a um os objetos contidos nela perceberá algo estranho. Você irá retirar, por exemplo, uma garrafa plástica, que só por estar vazia não significa que tenha deixado de ser uma garrafa. O mesmo serve para outras vasilhas, que se por acaso não podem ser reaproveitadas podem ser recicladas facilmente. Praticamente para tudo que você retirar do saco, latinhas, papéis e até mesmo materiais orgânicos, já existem tecnologias de reciclagem e reaproveitamento.
Então onde está o “lixo”? Onde estão as coisas que tão apressadamente descartamos sem ao menos nem pensar se ainda serviriam para algo?
Se tudo que encontramos na nossa lata de lixo já pode ser reutilizado e reciclado não seria um erro que essas mesmas coisas acabem empilhadas num lixão qualquer poluindo nosso solo e água?
Claro que é um erro! Mais que isso, é uma ignorância deixar toda essa riqueza esquecida nos aterros mundo a fora. É preciso que os governos, empresas e pessoas acordem para essa realidade.
É esse alerta que especialistas reunidos em Florianópolis para a 7º Conferência Lixo Zero Internacional querem passar a toda a sociedade.
“Falta bom senso nessa questão que literalmente está sob nossos narizes. Todo o santo dia jogamos algo fora que possui um potencial imenso de ainda ser útil. Nosso planeta é finito, não podemos mais nos dar ao luxo de simplesmente ignorar os recursos presentes nos resíduos”, explicou Richard Anthony, presidente da Zero Waste International Alliance.
Oportunidades
O Brasil aparece nesse cenário de reaproveitar o lixo como um dos países mais promissores do planeta. Com a recém aprovação da lei dos resíduos sólidos e sua provável regulamentação em novembro, os governos e empresas terão o dever de recolher, reaproveitar ou reciclar tudo o que for possível. Apenas o que realmente não puder ser reutilizado deverá ir para aterros sanitários que seguirão rígidas normas ambientais. Os lixões como conhecemos não poderão mais existir.
No prazo de dois anos, se uma cidade não cumprir sua parte, o governo federal terá o poder de não repassar mais os recursos para a gestão do lixo. Sem esses recursos o município não conseguirá recolher seus resíduos e incorrerá em crime ambiental, cabendo inclusive a prisão do prefeito.
“Mas o principal objetivo da lei não é colocar gente na cadeia. Trata-se de um projeto moderno que busca incentivar a criação de uma indústria nacional de reciclagem e tratamento de resíduos”, explicou Walfrido Assunção Ataíde, consultor que trabalhou ao lado dos parlamentares para formular a nova política.
Entre as oportunidades destacadas por Ataíde está a criação de escolas, cursos e especializações voltadas para a capacitação de pessoas para trabalhar com o reaproveitamento de resíduos.
“Iremos precisar de mais engenheiros sanitários, químicos e biólogos para esse ramo que de certa forma deve se transformar em um novo fornecedor de matéria-prima para a cadeia de produção”, afirmou.
Outra grande lacuna que deverá ser preenchida será a criação de uma indústria para reciclar equipamentos eletro-eletrônicos.
“A lei enfrenta um problema que é a falta de empresas capazes de reciclar computadores, pilhas e baterias. Por isso os fabricantes desses produtos ganharão um pouco mais de tempo até serem cobrados pela destinação de suas mercadorias. Existe muito dinheiro nessa área esperando por alguém com visão. É um novo nixo de mercado que quem chegar primeiro irá ter uma grande vantagem”, disse o consultor.



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