Frei Betto: Renascer -PUBLICADO NO JORNAL O DIA DE 27/12/2008
Autor de ‘A Arte de Semear Estrelas’
Rio - Finda o ano, mas não a vida. Nesta virada do ano, vamos pilotar transbordantes carrinhos de supermercados, assistir na TV à retrospectiva dos últimos 12 meses, tostar a pele junto ao mar ou à beira da piscina e acompanhar a afoita alegria dos que foram escolhidos prefeito e secretários municipais, enquanto os preteridos se esforçarão para disfarçar seus ressentimentos.
Ao contrário dos orientais, somos uma civilização ruidosa. Falamos em cascata, passamos horas ao telefone (executivo é um celular no qual um homem se dependura pela orelha), mantemos ligados a TV, o som, como se temêssemos mirar a própria face interior. No entanto, a vida ensina que a felicidade jorra da intimidade. Não há outra fonte. Pode haver prazer na apropriação, na alegria no encontro. Mas felicidade, como profundo deleite do espírito, só na intimidade amorosa, na oração, na contemplação do belo, no acolhimento do ser querido, na entrega ao mistério, na eternização subjetiva de um momento, na poesia de um toque, um gesto, uma palavra que traz em si plenitude.Tivéssemos um pouco mais de sabedoria, faríamos do Réveillon um balanço pessoal, contração e descontração, na alegria do novo ano que irrompe e dos novos homens e mulheres que se propõem a não sonegar sentimentos, não blefar com o próximo, não discriminar subalternos, não se omitir da solidariedade às causas sociais.No dia 1º, entre tantos discursos de posse, tome posse de si mesmo. Para nascer de novo, como disse Jesus a Nicodemos, não é preciso retornar ao ventre materno. Basta dar ouvidos à própria intuição, agir com humildade e sintonizar-se com o Transcendente.
Zacarias, que bom ter você na rede blog. Além disso, é muito importante o teu retorno a um estaf do executivo municipal. Só esperamos que desta feita, consiga ser mais produtivo e eficiente nas suas intervenções. Afinal, durante os quase 10 anos que ficastes à frente da Secretaria de Meio Ambiente, foi o período em que algumas coisas desinteressantes aconteceram com o nosso combalido eco sistema. Como exemplo, posso citar a diminuição acentuada do espelho d'água da Lagoa do Vigário, além do apodrecimento vergonhoso das suas águas. Apesar de gostar de coisas podres, aprecio muito água limpa, esgoto tratado, lixo tratado de forma reciclada e seletiva. E, além disso, total limpeza no procedimento de quem se mete na difícil e espinhosa missão de tomar conta das coisas dos outros (coisa pública). Nos preocupa que o seu partido estava até o pescoço na Administração do Mocaiber. Favor deixarem os maus costumes de lado.
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